domingo, 25 de janeiro de 2009

Dona do apito?

Amigos, assistia hoje ao novo clássico entre Bangu e Mesquita, com a idéia de escrever algum texto para o blog. O primeiro tempo foi uma grande "pelada". De destaque apenas as lamentáveis condições do majestoso Édson Passos, com seus vestiários alagados e seu gramado em péssima condição, e as inúmeras camisas do Chelsea na arquibancada, contrastando com a inexistência de camisas do Bangu e do Mesquita. De saco "cheio" da pelada, não resisti; passei rapidamente para o jogo do Botafogo, contra o saudoso Barreira. Outra "pelada", mas com um episódio interessante para a reflexão. Logo no comecinho do primeiro tempo, o lateral-direito Alessandro cabeceou uma bola em direção ao gol. A bola entrou por fora. O juiz Marcelo de Souza Pinto, contudo, validou o gol. No primeiro tempo, ele já havia se confundido diante da anulação de um gol legal do Boavista. Estava confuso, não sabia ao certo o que iria fazer. Foi ao assistente, que também estava em dúvida. O Quarto árbitro, essa figura curiosíssima, aproveitando-se da balbúrdia que se instaurara no glorioso estádio Bacaxá, perguntou ao repórter da televisão o que havia, de fato, sucedido! O repórter da Sportv, sem se questionar, afirmou de pronto que não havia sido gol! Rapidamente o quarto árbitro correu ao bandeirinha contando o que de fato aconteceu: não houve gol, a bola entrou por fora. O árbitro estava relutante em aceitar o gol (talvez pelo fato de estar prejudicando o Botafogo, time "médio", contra o minúsculo Boavista), conferiu a rede, em perfeitas condições, e, pela segunda vez, validou o gol. Incrédulo, o assistente o chamou, tomou para "si" a responsabilidade, e, finalmente, conseguiu convencer o árbitro a anular o gol. Posso, com certa facilidade, imaginar a conversa que ocorreu no Estádio Bacaxá:
- Não foi gol, disse o bandeirinha.
- Mas eu vi a bola entrando. Entrou por dentro, foi gol do Botafogo, diz o árbitro.
-Não, não foi. Vá checar a rede, veja se há algum buraco.
-Ok.
Passa um tempo, o árbitro, ainda incrédulo com o lance, retorna:
-Eu vi, não há buraco algum. É impossível ter entrado por fora, insiste o árbitro.
-Mas Marcelo, a tevê tá mostrando, o gol foi ilegal. Volta lá e anula cara!!! Tu vai fazer bobagem!, retruca o bandeira.
-Ah, é? A tevê está dizendo? O videotape não erra, né? Nao deve ter sido gol.
Pronto, estava anulado o gol. Estava anulado o gol graças à televisão. Há algum tempo atrás, em um jogo do campeonato alemão, (salvo engano envolvendo Bayern de Munique ou Borrussia Dortmund) houve um lance similar. A bola entrou por fora. O juiz validou o gol. O time prejudicado, porém, entrou com recurso e conseguiu a anulação da partida. A decisão foi à época bastante criticada pela FIFA e pela UEFA. Era a primeira vez (talvez a única) que o uso de videotape alterara o resultado de uma partida. Lá, porém, a decisão foi tomada por um tribunal. Aqui, a palavra de um repórter inexperiente e intrometido alterou significativamente o desenvolvimento do jogo entre Botafogo X Boavista. Felizmente, o gol foi anulado corretamente e a o Botafogo venceu a partida, o que, evidentemente, fará com o que o lance seja esquecido rapidamente. Nesse campeonato Carioca, há uma determinação da FERJ de que haverá uma espécie de observador do árbitro: um sujeito, assistindo ao jogo pela televisão, informará, no intervalo do jogo, como está a atuação do homem de preto. Dirá se está indo bem, o que ele deixou de marcar, etc. Mais perigoso ainda é a influência do repórter de campo no decorrer do jogo, como na partida de hoje. O que acontecerá se, por exemplo, um repórter fanático por seu clube tentar ludibriar o árbitro em um lance polêmico? Ademais, quantos são os lances de pura e simples interpretação, que os idiotas da objetividade se rasgam por dentro por não conseguirem explicar? Não bastasse a interferência direta nos horários dos jogos, na tabela do campeonato, a televisão parece agora querer apitar o jogo. Amigos, só resta sonhar com uma época em que não havia videotape. E imaginar se o atacante Valido empurrou (ou não) o zagueiro vascaíno no inesquecível primeiro tricampeonato do Mengão (42-43-44). Ah, não deve ter empurrado.

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