terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Camarão e o Bacalhau na Seleção Brasileira

Pela primeira vez na história desse país, há uma seleção com apenas estrangeiros (ou seja, jogadores brasileiros atuando no exterior). Todos, do frangueiro Doni ao pereba Felipe Melo, jogam fora do Brasil. Até a Grécia, com uma História belíssima (em homenagem ao Alvito!), mas com um futebol deprimente, conta com um representante na seleta lista da seleção brasileira. Bem próximo está o dia em que haverá na Seleção BRASILEIRA (?) jogadores atuando no Uzbequistão, mas nenhum no Brasil. Acreditem, o dia está próximo. Com toda a certeza, o nosso (?) técnico não acompanhará o futebol uzbequistanês, não saberá se o jogador que brilha no futebol uzbequistanês há algum tempo estará bem ou mal, provavelmente, jamais terá assistido ao sicrano, apenas receberá a informação (sabe se lá de quem!) de que o sicrano que saiu do país aos 15 anos de idade, foi eleito o melhor jogador do portentoso futebol uzbequistanês. Repito: o dia está próximo.
Paremos de especular sobre o nebuloso futuro da Seleção Canarinho, e reflitamos sobre o já trágico presente. Na atual lista de Dunga, há a presença de craques incontestáveis como Kaká e Robinho; mas há também a incomoda presença de jogadores incontestavelmente ruins como Josué, Adriano (do Sevilla), Gilberto Silva e Felipe Mello. Afora isso, Adriano, da Inter de Milão, e Thiago Silva, do Milan, não foram convocados por seus méritos. Aquele está em eterna "recuperação", enquanto este ainda não entrou em campo no ano de 2009 (e não entrará tão cedo por questões burocráticas). Particularmente acho impossível que Dunga acompanhe o futebol grego. Então por qual razão Gilberto Silva é constantemente convocado? Chega a ser irritante que um jogador em plena decadência, enxotado a preço de banana pelo Arsenal seja reincidentemente convocado para uma das melhores seleções do mundo. Será que o futebol brasileiro anda tão mal das pernas que não possui ninguém melhor para a posição de volante do que Josué e Gilberto Silva? Será? O futebol brasileiro está às minguas, é verdade. Mas, talvez, em função da crise, muitos ótimos jogadores ficaram no Brasil. Cito: Alex, Nilmar, Hernanes, Ramires... A desculpa logística é, algumas vezes, aceita sem questionamentos: o amistoso entre Brasil será em Londres, e os jogadores brasileiros estão em início de temporada. Ora, em primeiro lugar há de se questionar a seguinte esquizofrenia: por que raios um jogo Brasil X Itália, em Londres, ocorrerrá no Emirates Stadium? Tudo bem, há uma "exigência" dos clubes, mas isso está se naturalizando a tal ponto, que parece (apenas parece) normal a Seleção Brasil jogar contra a italiana em LONDRES! Isso é loucura. Em segundo lugar, por que então a convocação de jogadores que estão relativamente parados (como os que atuam no Brasil!) como os que atuam no Campeonato Alemão (que parou dois meses para o inverno!) ou mesmo de Anderson e Thiago Silva que estão inativos por seus clubes? E como explicar o retorno de Adriano?
Por um outro lado, ainda mais esquizofrênica é a convocação de Felipe Melo, ou, se preferirem, o cabeça-de-bacalhau do meio-campo canarinho. Há quanto tempo ninguém vê um jogo do Felipe Melo? Dunga, certamente, ao acompanhar em uma noite de insônia o programa especial "Expresso da Bola" com Felipe Melo, que foi exibido recentemente. Aliás, foi bem logo após um "Expresso da Bola" com Afonso Alves, que Dunga resolveu convocá-lo para a Seleção. Dúvido que acompanhasse o futebol holandês, e o minúsculo Heereenveen. A salvação, portanto, é torcer para que haja um "Expresso da Bola" com bons jogadores com Lucas, Renato Augusto, Denílson (Arsenal). Já imaginaram se o programa ressuscita o "felizmente" esquecido Mineiro? De todas as explicações, a mais plausível para as convocações "cabeças-de -bacalhau" do nosso (?) técnico é a sua audiência ao programa. A triste verdade é que a própria Seleção vem se tornando cada vez mais uma Seleção Cabeça-de-Bacalhau por um técnico que tem na cabeça a mesma coisa que se tem na cabeça de um camarão. A explicação, por fim, é um silogismo básico: Dunga, o ex-cabeça-de-bagre convoca cabeças de bacalhau, com idéias de um camarão.

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