quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O formigueiro contra o tamanduá

Panfleto que será distribuído neste domingo, na primeira manifestação pública da ANT.
A formiga é nosso símbolo, os tamanduás de cartola que se cuidem!

O roteiro é: Central do Brasil 15:30 pra concentrar e já ir aquecendo; trem para o Engenhão; mobilização-festa-samba-arte-alegria-distribuição do folheto; assistir o Flu retomar a liderança.

Partiu?


Você acha que futebol é coisa de rico?

Você acha certo ninguém dar satisfação sobre os gastos no futebol?

E a fortuna cobrada pelos ingressos, você concorda?

Os jogos no meio de semana que terminam 00:00h, têm o seu apoio?

Você acha que lugar de pobre ver jogo é no boteco da esquina?

Você não está nem aí pra hora e dia dos jogos do seu time, definidos pela TV?

Está satisfeito com o esquema de transporte nos dias de jogo?

Você acha que os torcedores são todos “doentes” e que não sabem se organizar?

Se você respondeu não a todas as perguntas, está na hora de se juntar à nossa torcida

Leia nosso manifesto em www.torcedores.org e associe-se gratuitamente à

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS TORCEDORES

“Sem torcedor não há futebol e sem futebol não há alegria”

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Conde de Luxemburgo


A ideia do título não é minha. É do rubro-negro-símbolo de Niterói, Samuel Daflon, o Samuca, com quem assisti ao jogo de ontem, dividindo o fone de ouvido, bebendo uma cerveja em estado contemplativo, se é que vocês me entendem.

Melhora muito a vida saber que, agora, independente de qualquer coisa, temos um treinador de verdade pra chamarmos de " nosso". Os últimos que passaram pela Gávea são aprendizes, "projetos de treinador."

Andrade não convenceu nenhum grande clube, mesmo com o título brasileiro, de que é um treinador de verdade, pronto. Até o Plínio de Arruda Sampaio foi levado mais a sério.

Rogério nunca tinha treinado um time profissional e, o grande erro do Galinho foi ter demorado pra trocar de treinador. É outro que deixou o time e foi pro ostracismo.

Silas, apesar de ter feito ótimo trabalho no Avaí e ter sido campeão pelo Grêmio, mostrou que não aguenta pressão e se queimou com o elenco. E ainda saiu com fama de mentiroso. Disse que não tinha dito mas ficou provado que ele tinha falado.


Se o Vandeco for malandro ele arma o time, dá um padrão tático, organiza o meio campo e deixa pra aliciar os meninos da base no ano que vem. Deixa pra ganhar comissão em negociação de jogador só no ano que vem. A prioridade tem que ser tirar o time da incômoda situação em que se apresenta. Eu não duvido nada que no ano que vem reapareçam na Gávea o Diego Tardelli, o Diego Souza e o Obina.

Vandeco é um grande treinador, renomado e bandido como toda a ratatuia que se apoderou da Gávea. Tem tudo pra se dar bem.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Imortais Futebol Clube


Fidalgos amigos, não quero nem falar da desgraça de ontem. Depois de séculos terminamos um jogo sem fazer gols e, pior, goleados como mandantes, já que não estávamos em casa. E como desgraça pouca é bobagem, tivemos a nova lesão do Fred que, inexplicavelmente, ficou em campo 45 minutos machucado. Nada justifica isso, muito menos o Muricy dizer que não tinha um atacante no banco. Bota qualquer um, o Curupira, o Saci, o diabo que te carregue mas o que não pode é ficar com um a menos por opção. Foi uma irresponsabilidade manter o Fred lesionado em campo, podendo agravar sua situação já precária e, pior ainda, colocando nossa liderança em risco. Sorte que o timinho contribuiu. E é sobre isso que eu quero falar, sobre as lesões.

Dando uma olhada preguiçosa e rápida nos principais times, impressiona o número de lesionados. Pra ser rápido: Maicosuel, Fábio Ferreira, Sheik, Fred, Dentinho, Wellington Paulista, Gilberto, Fernandão, Jorge Henrique, Felipe, Ricardinho, Rafael Sóbis, Tinga e etc, etc, etc. Se vocês eolharem bem, nesta pequena amostra três estavam lesionados, ficaram um longo tempo afastados e, quando retornaram, se machucaram novamente: Wellington Paulista, Dentinho e Fred. Todos do mesmo jeito, logo no início do jogo. Será que o departamento médico dos times que ocupam as primeiras posições do brasileiro não prestam?

Entendo tanto de medicina esportiva quanto de física nuclear, mas creio que não precisa ser nenhum Einstein pra supor que o problema deve estar relacionado a dois fatores, que atuam juntos e contribuem para esta forma de lesão: o biotipo do jogador e o excessivo número de jogos de nosso calendário. As vezes, meus amigos, o cara quer ser uma coisa mas não pode, seu corpo não permite, infelizmente. Ele quer ser maratonista mas é asmático, quer ser surfista mas é albino ou é anão é quer ser ponteiro no volei. Não adianta. Ou você aceita isso e passa a rir das suas limitações, e compreende que a prática destes esportes, no seu caso, será meramente recreativa e que nunca poderá desempenhá-lo em alto rendimento, ou você pragueja contra os deuses, passa a odiar o mundo e colocar a culpa da sua trajetória nas outras pessoas (mamãe não me incentivava a me exercitar e fiquei sem ar, meus pais não pegavam sol, porisso nasci assim e isso que dá nascer de uma rapidinha...).

O que quero dizer é que, por mais que exista vontade, nosso corpo teima em apresentar suas limitações. O caso do Fred é exemplar. Não é de hoje que suas lesões se acumulam, pelo corpo todo. Já cansei de falar isso aqui no blog. Não é possível que ele não tenha trabalhado ao longo de toda a sua carreira com um médico decente, inclusive na Europa. Pra mim, a limitação do Fred é dele, e só dele. E não é uma acusação, pelo contrário, é a constatação dos limites do ser humano, justamente o que nos dá a medida do que deve ser entendido como humanidade. Seu corpo não suporta uma carga abusiva de exercícios e repetições infindáveis, aliás, não suporta porque não foi feito pra isso, não é de sua natureza. OUtra explicação é procurar saber o terreiro que o W9 frequenta. Essa macumba é boa!

E entramos então na questão do número de partidas. Eu, doente que sou por futebol, acho ótimo não ter jogo do brasileiro só segunda, terça e sexta. Mas olhando pelo lado dos jogadores, é uma maratona extenuante. O cara sai do jogo, toma banho, entra no avião, chega no outro estado, dorme, acorda, descansa um dia e, no outro, já é hora de entrar em campo novamente. Não é nenhuma surpresa esta quantidade enorme de lesionados, pelo contrário. Todo treinador fala da importância do elenco e de seu tamanho para ganhar o campeponato porque ele tem CERTEZA de que vários do seu time vão se machucar e ficar fora por algum período.

Ou seja, todos sabem de antemão que a carga de exercícios e jogos é sobrehumana, que o ritmo é cada vez mais frenético e que vários deles não vão aguentar. Em resumo, submetem os jogadores ao ritmo do retorno imediato do capital, da exposição da marca, da sede das federações e confederações por campeonatos caça-níqueis e da necessidade da TV em incrementar sua programação. Fossem os jogadores organizados, esse absurdo poderia ser colocado como reivindicação diante do caráter torturante de suas condições. O recado é claro: reponham as peças quebradas porque o show não pode parar.

Eu que não sou bobo nem nada, estou montando meu time que será imune a qualquer tipo de lesão, urucubaca, olho gordo ou coisa parecida. Tão bom, mas tão bom que não vai precisar de reserva, são todos titulares ad infinitum, são os Imortais Futebol Clube:

1- Highlander (capitão) - goleiro não pode perder a cabeça
2- Rambo (metendo chumbo pela direita)
3- Jason (meio mascarado, mas sabe cortar bem os lances)
4- Freddy Krueguer (pra aparecer nos sonhos dos atacantes)
5- Ryan (nosso cabeça de área, o Soldado Ryan faz a proteção da zaga e, nos tempos vagos, dos EUA)
6- Braddock (metendo chumbo pela direita)
7- Jason Bourne (nosso cérebro que de vez em quando sofre apagões)
8- Niemeyer (arquitetando nosso ataque)
9- John McClane (duro de matar!)
10- Mum Ha (não é o Pelé, mas é eterno)
11- Rocky Balboa (pra mandar beijinho pra câmera gritando: "Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaadrian, I love you"

Técnico: Marcos Alvito (tínhamos que ter um professor neste cargo. Este sobreviveu à História Antiga, escapando de um grupo de espartanos mal intencionados, foi um dos sobreviventes do Carandiru, saiu ileso das garras afiadas do matrimônio e, além disso, escapou sem nenhum dano das mentes obsessivas de todo um departamento. Com se tudo isso não bastasse, sobreviveu ao Val Baiano no ataque. O time está em ótimas mãos.

Saudações Tricolores!!!

O Poderoso Flamengo e a ressuscitação de monstros


Já vimos esse filme. O cara está na sarjeta, acabado, julgado e condenado por todos como um fracassado, um pária. Após atingir o ápice da carreira por mérito próprio, o cabra se torna vergonha nacional também por conta das suas próprias atitudes. Do céu ao inferno é o ditado popular que sintetiza esta situação.

Mas eis que surge uma força inenarrável, um gigante indestrutível. E então um movimento irrefreável faz-se sentir. Todos o percebem, muitos o temem, outros tantos o celebram. O FLAMENGO surge e resolve ressuscitar o monstro derrotado pela providência, inviabilizado pelo destino, soterrado pela fortuna.

Sabedor de sua onipotência, ciente de sua imortalidade, sapiente dos seus poderes, o Manto Sagrado resolve tingir de vermelho e preto aquele desterrado que outrora singrou os corações de toda gente.

Ao fazer isso, confere ao banido, ao degredado, uma nova morada que não uma cova sete palmos abaixo da terra, uma nova identidade que não a de um vagabundo, uma nova missão que não a da mera sobrevivência.

O apedrejado passa ter um escudo abençoado pela energia de milhões de almas vitoriosas, que não conhecem a dor ou a derrota. De amaldiçoado ele passa a consagrado, ungido pela dimensão divina do Mais Querido.

Não importa o que ele tenha realizado antes para obter o sucesso, nem os acontecimentos que o levaram descer ao rés do chão. O que conta é que a graça que o atingiu quando é escolhido pela Nação não tem paralelo na história humana.

A partir de agora, o que ele operar serão feitos, não mais fatos. Serão eventos, acontecimentos, nunca rotina ou cotidiano. Suas pernas em braços são animados por todos os espíritos, vivos ou mortos, que tiveram a honra de defender a bandeira e as cores do FLAMENGO, que foram santificados em servir a esta torcida inigualável.

É simplesmente nunca mais estar sozinho, não ser mais um indivíduo, mas sim milhões em um, galvanizando o vigor e a pujança de Zico que conquistou o Mundo, daquele que é o maior de todos os tempos em nosso templo máximo, o Maracanã. Ou então a virilidade de Dida, atacante que só cedeu lugar no panteão dos Deuses ao Pelé, proclamado rei de direito após a copa de 1970, mas de fato apenas quando vestiu o Manto Sagrado em 1979. Absorve também a certeza de Domingos da Guia, maior zagueiro da história do futebol brasileiro, impávido colosso da grande área nos tempos em que só havia a Gávea e nada mais. Conquista ainda a criatividade de Leônidas da Silva, inventor da bicicleta e com ela, do futebol moleque, da arte dentro de campo que encantou o planeta. Adquiri por fim a seiva que moldou o mito Zizinho, mestre mágico que é reverenciado pelo mesmo Edson Arantes já citado.

Por falta de espaço muitos deixarão de estar presentes nesse testemunho, mas a ausência do salmo não os excluí do Olímpo que abrange a cultura Flamengo, e que é decisiva para que o Monstro rediviva. Trata-se da Raça de Rondinele, da musicalidade de Junior Capacete, da velocidade de Vevé, da precisão de Pirilo, da presença de Nunes, da elegância de Carpegiani, da habilidade de Adílio, da intempestividade de Doval, da simplicidade de Andrade, da inteligência de Petkovic.

Enfim, quando o Flamengo quer, o tempo para, a terra gira ao contrário, a gravidade é revogada. O monstro mais recente que o FLAMENGO ressuscitou tem o apelido de Imperador. Atacante forte e habilidoso ao mesmo tempo, Adriano foi embora cedo da Gávea para conquistar a Itália. Decisivo em seu clube e na seleção, carrasco de argentinos, o Impera se perdeu em uma história que mistura bebida, depressão, juventude, dinheiro. Mas então o FLAMENGO decidiu que Adriano merecia outra chance na vida. O resultado foi o Hexa, Adriano de volta à Europa e à seleção. Se ele vai desperdiçar novamente suas vitórias, isso não é mais da conta dos rubro-negros.

Sendo assim, bem vindo de volta Vanderlei Luxemburgo. Prepare-se para ressuscitar!

Saudações Rubro-Negras

Jornal O Dia - Viva a Associação Nacional dos Torcedores!

Fernando Molica: Aha, Uhu - O maraca é deles

POR FERNANDO MOLICA
Rio - Domingo à tarde, um trem partirá desta nova Estação Carioca rumo ao Bar Dezoito, ali em frente ao Maracanã. Tudo para acompanhar a criação da Associação Nacional dos Torcedores, que se propõe a defender quem sofre, vibra e se esgoela nas arquibancadas. A ideia é do historiador Marcos Alvito, que anda preocupado com a elitização do futebol e com a transformação do Maracanã numa versão esportiva dos cinemas multiplex.

Para atender a exigências da Fifa, mandaram o Maraca emagrecer e fazer uma espécie de plástica. Nosso querido estádio foi parar num spa, hotéis em que se paga uma fortuna para passar fome e perder peso. O campo que Garrincha santificou encolherá: para a felicidade dos retranqueiros, perderá 5 metros no comprimento e 7 metros na largura. O estádio que já recebeu 200 mil pessoas vai virar uma arena para 76 mil privilegiados. É como se a Mulher Melancia se transformasse numa dessas impegáveis modelos anoréxicas. No lugar da feijoada, nos servirão um filé de frango com alface. Como o número de lugares diminuirá, os preços de ingressos tendem a aumentar ainda mais.

O Maracanã foi deixando de ser a nossa casa. O fim da Geral demonstrou, mais uma vez, o jeito brasileiro de mascarar nossas escandalosas diferenças sociais: jogou-se a pobreza para debaixo do tapete, no caso, para fora do estádio. O Geraldino perdeu lugar na nova ordem do futebol. As cadeiras azuis são a bola da vez, darão lugar a um novo setor, uma continuação das arquibancadas. A mudança não respeitará nossas referências, tudo ficará cinza, não haverá mais setores verde, amarelo ou branco.

A lógica da reforma é a mesma que transformou o futebol, nosso brinquedo favorito, num grande negócio. Estádio passa a ser lugar de rico, público vira figurante de TV e moldura de placa publicitária. O torcedor comum que dê um jeito para arrumar o dinheiro do ingresso, que sofra para conseguir transporte ao sair do estádio depois da meia-noite. Ou então, que se conforme em ver jogos pela televisão. Como diz o Alvito, futebol virou sobremesa de novela.

Rubro-negro, o historiador lamenta até o provável fim da cruel gozação dirigida aos torcedores do seu time. A expulsão dos pobres do Maraca tornará sem sentido o grito “Ela, ela, ela, silêncio na favela”. Afinada com os novos tempos, esta Estação sugere alternativas: “Ema, ema, ema, tristeza em Ipanema” ou “Bom, bom, bom, silêncio no Leblon”.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Autocrítica


Caros leitores do blog: Faz-se necessário uma autocrítica minha com relação à saída do Zico do Mais Querido do Brasil, na semana passada.

No texto em que comentei essa tragédia, deixei transparecer uma grande decepção com o galinho, por conta do que interpretei como desistência. E como muitos leram e ouviram ao longo da semana, este foi um sentimento generalizado na torcida do Flamengo.

Pois bem, finalmente nosso ídolo maior veio a publico de defender e se explicar. Deixou claro que não abandonou o barco, mas sim foi expulso dele. Também não fugiu em responsabilizar a Patrícia Amorim pelo ocorrido. Omissa, envolvida até o pescoço na política podre do flamengo, aquela que prometeu ser o Obama da Nação Rubro-Negra não passa mesmo de um Collor redivivo, prometendo acabar com os marajás, modernizar o clube ao mesmo tempo em que se locupleta com eles.

Assim sendo, foi mal Zico, você tem toda razão em fazer o que fez.

O melhor de tudo, contudo, foi que o grande Arthur sinalizou com a perspectiva de se candidatar a presidente nas próximas eleições. Espero não apenas que ele faça isso, mas que avise com mais de um ano de antecedência, para que dê tempo a muitos dos torcedores apartados dos destinos do Mengão se tornarem sócios e participar desse processo de refundação flamenga. É justamente o caso deste que vos escreve.

Ai sim poderemos ter noção da força do movimento COM ZICO PELO FLAMENGO.

Saudações Rubro-Negras

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Manifesto em defesa do torcedor

Torcedores, clubes de futebol e estádios são todos partes de um mesmo corpo. Os clubes não existem sem sua torcida, que lhe ofereceu a existência através da amizade nascida dos campos de pelada espalhados pelo mundo. O clube não existe sem o estádio, que é o palco de congregação de todos aqueles que compartilham os mesmos sentimentos, as mesmas cores e o mesmo canto. O estádio não existe sem os torcedores, sua única razão de ser, pois sua função é receber justamente aqueles que lhe fornecem o sopro da vida no grito de gol. Tudo que existe e se relaciona direta ou indiretamente ao futebol, sobrevive do pulsar do mesmo coração, aquele que acelera nas arquibancadas fazendo o concreto dançar e os outros times tremerem. Apesar disso, diante das medidas já existentes e as que foram anunciadas, parece que o futebol está fazendo a escolha pela insensibilidade do dinheiro.

A transformação do futebol em espetáculo, do torcedor em consumidor e do jogador em mercadoria aponta o caminho que está sendo traçado para o futuro do esporte. Diante da necessidade constante de gerar receitas, seja dos clubes, da mídia ou dos patrocinadores, os estádios perdem cada vez mais a sua capacidade e, em contrapartida, os preços para se assistir a uma partida sobem a cada ano. Temos em curso a política do “menos é mais”, que vê no estádio um shopping, onde o jogo de futebol é apenas um detalhe, uma alternativa oferecida pelo empreendimento de entretenimento. Um espetáculo para poucos, somente para os que podem desembolsar um bom dinheiro num país onde o salário mínimo é de R$510,00. Até mesmo os clubes criam lojas, produtos e espaços “Vips”, preocupados em fidelizar o consumidor de alto poder aquisitivo, deixando na reserva a grande maioria de sua torcida.

A televisão é a dona da bola e como tal decide os dias e horários dos jogos de acordo com a sua grade de programação. No meio de semana temos o jogo Corujão, que muitas das vezes começa na quarta e termina na quinta-feira, praticamente inviabilizando a ida ao estádio do torcedor. Não bastasse isso, ainda que um herói decida estar no estádio, é inexistente qualquer plano em relação ao transporte que viabilize sua chegada e sua saída em segurança. Diante do alto preço dos ingressos, da dificuldade de acesso e do horário escolhido, resta ao torcedor escutar o rádio ou aderir a um pacote da TV fechada, esvaziando os estádios e aumentando os lucros de quem comanda o calendário nacional.

Nós, como torcedores, devemos ter em mente que toda esta roda da fortuna se alimenta do nosso amor clubístico, que recebemos de nossos antepassados e que repassamos com carinho e devoção às gerações futuras. Não existe nada neste circuito que não dependa de nós. Os jornais e programas esportivos só existem e são lidos e vistos em razão da nossa existência. Os produtos licenciados, as camisas e acessórios dos clubes só são vendidos porque compramos. Até mesmo o valor do clube é estipulado mediante o potencial de sua torcida. E aí surge a principal questão: em que ponto nos fazemos ouvir, defendendo nossas demandas e reivindicações? Dentro de qual esfera sentamos ao lado dos outros atores do futebol para negociar os rumos do calendário ou a política de aumento dos preços dos estádios? Ou o horário da partida?

A criação de uma Associação Nacional dos Torcedores é fundamental para que possamos defender nossas reivindicações. Somos contra a elitização dos estádios de futebol, com o fim dos espaços populares que fazem parte da construção de identidade da própria cidade, extrapolando seus limites meramente esportivos. Estes espaços contam uma história, revelam costumes e formas de agir, além de ser um espaço crucial de manifestação lúdica acerca dos principais temas nacionais. Defendemos um acesso democrático e amplo, que garanta a todos os torcedores, sem distinção de renda, assistir a uma partida de futebol no estádio, mediante um preço razoável tendo como base o salário mínimo, um horário adequado que não ultrapasse às 17 horas aos sábados e domingos e 20h no meio de semana, com um esquema de transporte especial que viabilize sua chegada e saída sem maiores transtornos.

Defendemos também a obrigatoriedade da publicação anual em mídia impressa e eletrônica de grande circulação das dívidas e receitas relacionadas ao futebol. Lutamos contra a falta de transparência no futebol brasileiro, há décadas nas mãos de dirigentes incompetentes e corruptos. Exigimos a democratização das decisões acerca do futebol brasileiro com a participação dos torcedores, como por exemplo, no caso das sucessivas e milionárias reformas do Maracanã, feitas sem nenhuma consulta aos torcedores.

Somos maioria. Quando queremos, derrubamos treinadores, jogadores, presidentes e comissões técnicas. Quando unidos, convocamos jogadores para a seleção nacional e criamos os culpados e heróis das derrotas e vitórias que vão estampar os jornais do dia seguinte. Nós eternizamos os ídolos, escrevemos as placas, tornamos os jogos inesquecíveis e as festas insuperáveis. Nós somos tudo, o gol, a derrota, o drible, a cusparada, o coice, o lençol e o drible-da-vaca. Entoamos das arquibancadas as ordens que ditam o rumo da história que transcorre nos gramados, tapetes ou esburacados, secos ou enlameados. Decidimos o que vai ser vendido e o que vai encalhar, a manchete, a chamada do jornal e o replay da TV.

É urgente a organização de uma entidade que possa ser nosso grito nas negociações de tudo que envolve o futebol e nós, torcedores, que somos a sua finalidade. Estamos sendo atacados pela voracidade do capitalismo que, impiedoso, quer ser o dono da bola, do campo e dos pensamentos, indiferente aos sentimentos e afastado de nosso amor, necessitando apenas do dinheiro para lubrificar sua engrenagem e se movimentar. Seguiremos juntos até o título final, numa grande torcida organizada, devolvendo ao futebol o coração dispensado em detrimento do lucro, tornando-o, novamente, uma expressão popular da identidade nacional. Não somos a parte. Somos o todo.

Obs: vamos ocupar as redes sociais. Estou no twitter: @futebolpratodos. Tem também o @ANTorcedores. O Blog com a data da primeira reunião e nossas reivindicações é esse: http://respeitemofutebol.wordpress.com/

Conto com a adesão de todos.

Saudações tricolores

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sem título


Demorei a postar aqui no blog sobre a demissão do Zico por falta de título. Queria algo dramático, que ilustrasse com precisão um sentimento de derrota que certamente não é só meu, mas atinge quase que a totalidade dos rubro-negros, com exceção do Capitão Léo. Não encontrei, vai assim mesmo.

Essa derrota não vem apenas no fato em si. Eu confesso que estou muito decepcionado com o Zico. Na boa, acho que ele foi covarde, pulou fora da pior maneira possível.

O Dinamite ficou anos enfrentando o Eurico até vencer. E estamos falando de um adversário de peso, que já tinha dado pelo menos um carioca e um brasileiro pro Vasco só com sua força política.

Já o Zico deixou a ousadia e agressividade com as quais destruía as defesas rivais em um passado de glórias, e sucumbiu diante de um dirigente obscuro, ex-presidente de uma torcida organizada decadente.

Claro que o Capitão Léo não foi o único responsável por tudo isso. Mas só o fato dele ter sido a gota d’água para a demissão do Galinho demonstra como esta foi precipitada. O cara fez um monte de acusações infundadas (ver blog do PVC) e o nosso eterno camisa 10 simplesmente desistiu do projeto, sem sequer um pronunciamento mais detalhado em sua própria defesa, sem enfrentar este boquirroto. Anunciou a saída de madrugada, pelo site e por mensagem de celular.

Quando o Zico assumiu o cargo no FLA, é evidente que ele mexeria com interesses. Todos sabem que o Mais Querido é uma bomba política, com diversas correntes, sem pactuação possível em curto prazo. Ora, se era para aceitar o cargo sem disposição de brigar politicamente, que nosso ídolo maior ficasse confinado aos DVDs, às lembranças, às matérias do Baú do Esporte narradas pelo Léo Batista.

O Artur errou, e feio dessa vez. Um gol contra de onde menos se esperava, no momento mais inapropriado possível. Não creio que o Mengão seja rebaixado, mas sem dúvida que hoje estamos na série B moral do futebol brasileiro. Um golpe difícil de superar.

Não vou usar esse espaço para só para detonar o galinho. O sentido é justamente o oposto, manifestar total apoio ao que ele vinha construindo, e por isso lamento tanto que ele tenha tomada essa decisão desastrada.

A conta disso tudo mesmo eu boto na senhora Patrícia Amorim. Uma lástima tê-la como presidente do Flamengo, de fazer sentir saudade do Kleber Milk e Marcio “Clodovil” Braga. Em seis meses de gestão ela conseguiu destruir todo o clima positivo do Hexa, demitiu o Andrade, contribuiu para o atual ostracismo do PET, efetivou um covarde para ser nosso treinador, inviabilizou contratações decentes a tempo de defendermos com honra o nosso título. Mas tudo bem, tinha o Zico ao seu lado?

E agora dona Patrícia Amorim? Reze para não entrar para a história como a presidente que rebaixou o Flamengo. E aguardemos as cenas dos próximos capítulos e os lances das próximas rodadas.

Saudações Rubro-Negras