Amigos,
Não tenho escrito sobre o campeonato carioca por uma razão: o campeonato carioca está chato. Chato demais. Até agora, é verdade, nada aconteceu. Por exemplo, no clássico de domingo, entre Vasco e Fluminense, nada aconteceu. Absolutamente nada. Será que, no Rio, como no primeiro post do Cappelli, do blog, o ano já começou? Acredito que não. Em São Paulo, porém, o atacante Keirrison e o Palmeiras do arrogante Luxa andam comendo a bola. É um time que dar gosto de ver jogar. Cleiton Xavier vem jogando muuuuita bola, e o tal do Will"i"ans, sem o "i", também se revela um baita jogador. Edmílson, outro, um excepcional zagueiro, bem como acharam um colombiano lateral-esquerdo. Isso sem falar no Marquinhos, ex-Vitória, que andava machucado e praticamente não jogou e no Lenny, que, subitamente, reaprendeu a jogar futebol. A crise parece ter reduzido a diferença, substantivamente, entre futebol brasileiro e futebol europeu. Dá gosto de ver um Hernanes, um Ramires, um Keirrison, um Marquinhos, que, ainda que por tempo indeterminado, ficaram no Brasil. E parece que vão ficar por um bastante tempo. Pena, porém, para o futebol carioca é que, este ano, parece, pelo menos no início, uma diferença bastante grande entre paulistas e cariocas. Flamengo, o melhor time do Rio, é um pouco melhor que o Santos, o pior de São Paulo, mas parece estar um pouco aquém de Palmeiras, São Paulo, Inter, pelo menos em qualidade individual. O Flamengo, no campeonato brasileiro, pode surpreender com a força da torcida rubro-negra e com um time capaz de mostrar um conjunto coeso e equilibrado.
A verdade, porém, é que não estou aqui para falar-lhes de clubes. Hoje, não. Estou aqui para falar da Seleção Brasileira. A primeira coisa, que salta aos olhos, é a seguinte: o que fez Gilberto Silva? Por que um jogador medíocre, que nada tem de excepcional, fez para se manter por 7 anos (!!!!) como titular absoluto e incontestável da Seleção. Ele está lá, imóvel e absoluto, parece ter comprado uma vaga no meio-de-campo do Brasil. Ainda no meio-de-campo, o ponto mais problemático da Seleção, há de se discutir a presença de Felipe Melo. Amém, irmãos de Cristo, saiu Josué. Dou o braço a torcer: Felipe Melo jogou bem. Quero dizer: não ajudou, não atrapalhou. Ele joga muito mais do que Josué e Gilberto Silva, o que, cá entre nós, não é mérito algum; verdade também, joga muito menos que Hernanes, Lucas e mesmo o jovem Denílson, do Arsenal. Amigos, a verdade é a seguinte: a própria presença de Felipe Melo na Seleção já é um erro. Não adianta se discutir se ele joga bem ou mal, ele não deve, não deveria, e não deverá ter estado ali. Temos aqui uma situação desequilíbrio entre o homem e o manto. Felipe Melo não pode jogar na Seleção, simplesmente pelo fato de que ele é Felipe Melo.
De resto, meus amigos, é que, pela primeira vez, em muitos anos, eu fiquei feliz com a Seleção. Não me lembro quando isso ocorreu pela última vez. Provavelmente, na última Copa das Confederações (mas também na Copa América), nas vitórias categóricas sobre a Argentina, ou mesmo na vitória esmagadora para cima da Alemanha, com um 3 a 2 numa sensacional e memorável partida de Adriano. Este último um dos melhores jogos que pude assistir ao vivo entre Seleções, ao lado de Rússia X Holanda pela Euro, 2008, e França X Espanha, Itália X Alemanha, pela Copa do Mundo de 2006. A verdade é que 2009 por alguma razão estranha parecemos estar vivendo a hora e a vez Dunga Esteves. Dunga manda e desmanda. Chefe de jagunços, mantem-se o homem mais temido das redondezas. Apesar da demissão de Scolari, Dunga está absoluto na Seleção. Não parece haver nada, nem ninguém capaz de ameaçar o poder do Coronel Dunga. E, pela primeira vez, amigos, parece haver alguma justiça nisso. Tenho, amigos, uma visão "saldanhaniana" de enxergar o futebol. E, todos sabemos, Saldanha faleceu em 1990 porque detestaria ver o Brasil Campeão Mundial, em 1994. Detestou tanto o "justo" fracasso de 1990, que não poderia viver vendo a glória "injusta" de 1994. A verdade é que podemos suportar o fracasso das nossas convicções, mas não conseguimos aceitar o sucesso daquilo que combatemos. Por isso, 1994 é muito mais difícil de engolir do que 1982, pois é o sucesso da tragédia, daquilo que detestamos e abominamos. Engolimos a seco a vitória de um futebol patético, p-a-t-é-t-i-c-o. Saldanha também não suportaria o futebol "hiper-comercializado" de hoje. Se irritaria com as camisas da "JVC", da "LUBRAX"; os calções "SUPERGÁSBRÁS" (acho que, contrariando às velhas regras da língua portuguesa, não se usa hífen), "CASAS DO BISCOITO", "LUPOS" e afins. O João "sem medo" teria medo do futebol de hoje, mais do que medo, teria vergonha.
De qualquer forma, fiquei satisfeito com o time brasileiro hoje. Muito mais, é verdade, do que naquele jogo contra Portugal. O Brasil jogou muito bem, com um Robinho impecável, e com um Ronaldinho Gaúcho, que, infelizmente, se aproximou mais de um artista de circo do que de um jogador de futebol, (um Denílson, talvez?) os laterais também estiveram muito bem, e Dunga, apesar do Gilberto Silva, escalou, dentro de suas possibilidades, o melhor time. Achei injusto apenas a não-escalação do Júlio Baptista no time titular, porque este tem jogado na Roma muito mais do que todos os outros que atuaram no meio-de-campo brasileiro (isso inclui, obviamente, o Ronaldinho). Sua escalação seria ato mais do que óbvio: seria justo. Enrolo, enrolo, enrolo, para evitar dizer aquilo que jamais pensei em dizer: chegou a hora de Dunga, fiquei, hoje, satisfeito com o Dunga. Repito: Dunga representa tudo o que abomino em se tratando de futebol, e duvido que, no Brasil, existe um "anti-dunga" mais "anti-dunga" do que eu. Dúvido-e-o-dó. Chegamos, porém, a um ponto em que parece não haver ninguém melhor do que o Dunga para Copa de 2014. Muricy? Jamais! Scolari!? Entre gaúchos, prefiro o Dunga, menos retranqueiro, e também duvido que ele aceite, a não ser que ganhe o direito de morar em Londres, o que seria ridículo e patético para a Seleção. Parreira? De novo? Joel me parece um nome interessante, que já mereceria ter tido uma oportunidade. Outros que me parecem bons são: Zico e Paulo Autori, com toda a razão, o galinho recusaria, e o Paulo Autori dificilmente seria lembrado pelos cartolas da CBF. Ah, sim, esqueci do Luxa: excelente treinador, mas já não estamos satisfeitos com as mamatas do Ricardo Teixeira, precisamos de mais, será? Então, amigos, pela primeira vez, e com pesar que anuncio, Dunga parece o homem mais razoável para comandar o time canarinho. Ruim com ele, é verdade, pior seria, sem ele. Até que hoje eu gostei dele, escalou bem, e ainda tirou uma onda com o Zambrotta!
Mas, por favor, tira o GILBERTO SILVA!!! E esqueça da existência do Felipe Melo!