segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Estréia, Clássico, Lei Áurea...

Camaradas Rubro Negros, e fregueses de sempre. Finalmente chegou a hora da minha primeira contribuição a esse blog de elite. Meu atraso se deve a uma mudança que deu muito trabalho, e me custou uma semana sem internet, além de um profundo desânimo com o mais querido do Brasil, especialmente após 2008, muitas expectativas, igual número de frustrações.

Em minha defesa vale lembrar que o campeonato carioca também não ajuda. Tapetão, erros de arbitragem para todos os gostos e uma incontestável hegemonia do Pentacampeão, com seis títulos nos últimos dez anos, 4 tricampeonatos e os 30 títulos igualando o pó de arroz (que sabidamente disputou muito mais vezes o Estadual) levam muitos rubro-negros ao cansaço com esse campeonato que sempre para na Gávea.

Vamos ao ponto. Assisti ao jogo de hoje nas arquibancadas brancas, bem no meio de campo, porque fui ao maraca com minha namorada, botafoguense, típico caso de sorte no amor e azar no jogo. Dizem que é o melhor lugar do estádio para assistir ao jogo, e na verdade eu não gostei do que vi. Especialmente porque o clássico confirmou minha discordância com relação ao apelido que o amigo Jamaica colou no Cuca: O exorcista.

O Flamengo de Cuca mantém os mesmo vícios que o Nei Franco trouxe em 2006 ainda. Um atacante só, muitos volantes, dependência dos alas. O pior é que hoje sequer tínhamos a maior virtude, o Juan, e por mais que o Egídio seja esforçado, ele é no máximo nota 6. Pela direita, nosso moicano insiste em cortar bolas para o meio, em enfeitar suas boas arrancadas com inúteis dribles de letra. Não acertou nenhum dos poucos cruzamentos que deu hoje. Nosso jogador que mais atacou (sic) pelo lado direito foi o Willians, que também errou tudo. E mesmo com tantos volantes, tomamos um gol ridículo, numa tabela em que os chorões do botafogo não foram incomodados. E poderiam ter sido mais gols se eles não fossem tão incompetentes.

Jonatas pode funcionar de meia se alguém convencê-lo de que é possível tocar a bola sem ser de três dedos, ou de trivela, ou passe de 50 metros. Quando simplificou, especialmente nos chutes, foi o mais perigoso. Barack Obina está totalmente perdido com a crise econômica, o pênalti perdido foi só o detalhe final de uma partida lamentável. Por fim, para fechar as reclamações, Zé Roberto. Nosso camisa 51 uma boa idéia está longe de ser aquele jogador participativo, que incomodava as defesas, com movimentação constante e imprevisível, que o fez ser vendido para a Alemanha. Também pudera, ele está jogando de segundo atacante, de costas para o gol, não consegue nem armar as jogadas nem encostar no Obina para que pelo menos uma tabela saia. Cuca está cometendo o mesmo erro de todos os treinadores do Flamengo, primeiro com o Renato Augusto, depois com Marcelinho Paraíba.

De positivo, Fábio Luciano, absoluto. Ibson, novamente o motorzinho do nosso meio campo. Bruno, que acerta tudo nas saídas de bola, deu até pena do Renan e seus chutões sempre no peito ou na cabeça de algum jogador do mais querido. Josiel, com presença de área, coisa que o Obina não tem nem nunca teve, incomodou a defesa alvinegra e marcou o gol de empate. O melhor do jogo foi ver o Mengão, como sempre, ser ofensivo e não desistir de buscar o empate, mesmo mal escalado mais uma vez.

Esse ímpeto ofensivo, nosso elenco com várias opções, a força da torcida, enfim, os ingredientes que nos levaram a essa campanha invicta podem ser suficientes para ganhar o PENTATRI do carioca. Mas certamente não serão para uma campanha que nos leve de volta ao topo do Brasileirão, com o tão sonhado Hexa. O Flamengo continua um time previsível, fácil de se marcar, com pouca movimentação. Nossa defesa continua exposta, mesmo com tantos volantes. E o time continua se perdendo em vários momentos do jogo. Ou alguém acha mesmo que dá pra chamar a investida do Léo Moura pela ponta esquerda e do Fábio Luciano como meia, ainda no primeiro tempo, de elemento surpresa?

Por fim, voltando ao exorcismo jamaicano, acho que podemos ficar com uma metáfora boas para os historiadores, pelo que eu vejo profissão dominante nesse blog. Nós sabemos que por mais que a Lei Áurea tenha abolido legalmente a escravidão no Brasil em 1888, levaram-se muitos anos para que essa forma de exploração tenha sido superada na prática, e mesmo assim seguimos até aos dias de hoje lutando contra vestígios desse tipo de dominação. Acredito que o Cuca assinou a Lei Áurea que vai nos libertar do 3-6-1 que nos persegue desde Nei Franco, passando por Joel Santana e Caio Jr, porém a adesão ao clássico e básico 4-4-2, com pelo menos um meia ofensivo ainda levará algum tempo, quem sabe até que a próxima janela de transferência nos leve pelo menos um dos alas?

Brasileiro É Obrigação.

Josué Medeiros

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