quarta-feira, 30 de junho de 2010

Oitavas de Final II –A Missão!


E não é que seleção do Dunga fez a grande exibição da segunda leva de partidas das oitavas de final da copa...

Espanha e Portugal decepcionaram, especialmente nossos colonizadores. A Espanha fica com a bola o tempo todo, finaliza muito, seu meio campo é criativo, tenta sempre lançamentos ousados, e tem um atacante em estado de graça, o Villa, novo contratado do Barcelona. Seus jogos tem sido chatos, é verdade, a Fúria não tem feito merecido o apelido...

Portugal é o Uruguai europeu, com uma diferença: enquanto nossos vizinhos sabem que tem um time ruim, e seu melhor jogador pratica um futebol coletivo, pois sabe que precisa aproveitar as poucas chances que terá, os lusos acham que tem um timaço, e seu principal jogador pensa que está gravando um comercial a cada partida.

A Espanha vai passar fácil pelo Paraguai. Sem o Cabanas, os paraguaios não conseguiram fazer gol no Japão e na Nova Zelândia, dificilmente vão conseguir furar a defesa combinada de Barcelona e Real Madrid. O pior para mim é que o Paraguai passou a maior parte do jogo sem buscar o gol, em uma postura covarde que só pode ser explicada pelos traumas de 1998 e 2002, com duas eliminações nos últimos minutos exatamente nas oitavas.

A Holanda é o Brasil europeu. Historicamente um time de talento e ofensividade, adotou um futebol pragmático que aposta na individualidade dos seus melhores, especialmente Robben e Sneijder. Foi assim que venceu seus quatro jogos na Copa, e o primeiro gol contra a Eslováquia foi uma pintura, um lançamento de 40 metros do camisa 10 e a conclusão do camisa 11 com três zagueiros falhando em bloqueá-lo. Aposto em um confronto equilibrado, talvez um repeteco das penalidades de 1998. Pelo estilo de jogo das suas seleções, quem marcar primeiro vai ter uma vantagem anormal, maior que simplesmente o 1 x 0 mostrado no placar. Mas acho que o Brasil leva. Leva por causa da zaga.

Que partida fez o Juan contra o Chile. É impressionante a capacidade de antecipação dele, a plasticidade com que ele desarma seus oponentes. Diferente do também eficiente Lucio, que sem dúvida é bastante espalhafatoso. E ainda tem o Maicon, que parece está se guardando para momentos decisivos, e ainda assim é a válvula de escape do time. E só não vou ficar puxando o saco do Julio César excessivamente porque o arqueiro da Holanda também está fechando o gol.

Mas enfim, com esse quadro defensivo, o Brasil só precisou esperar o Chile morder a isca. E os loucos partiram para cima do Brasil, atacaram, marcaram a nossa defesa. Bielsa nunca deve ter visto o Ramirez jogar, porque aquela liberdade que ele teve só mesmo o Felipe Melo não aproveitaria. Para finalizar, o que foi o gol do Luis Fabiano? Mais do que o passe do Kaká, de primeira, a colocação do centro-avante brasileiro, marcando o zagueiro para não entrar em impedimento, foi sensacional, precisa entrar no manual de qualquer categoria de base que se preze.

Agora é esperar as intermináveis quarta e quinta-feira sem jogo da Copa. Não sei o que fazer, acho que vou montar meu time no Cartola. Talvez escreva aqui pro blog sobre o Flamengo. Sei que pelo menos hoje eu vou jogar bola para extravasar. Mas que deveria ser proibido dias sem jogo no meio da copa do mundo, ah isso deveria!

Saudações Rubro-Negras

terça-feira, 29 de junho de 2010

Fim de jogo! Tecnologia em campo


Fidalgos leitores, diante da polêmica gerada pelos erros de arbitragem nas oitavas surgem vociferantes os defensores da utilização da tecnologia no futebol. A lógica utilizada é a mesma dos que argumentam a favor da redução da maioridade penal pra 16 anos quando algum adolescente comete um crime ou os que levantam a bandeira da pena de morte assim que alguém de classe média da zona sul é assassinado, promovendo passeatas pela orla de Copacabana vestidos de branco e apoiados pelo movimento "Viva Rico".  Vejam bem, eu disse a lógica, não a pessoa. Seja dolescente, homem feito ou juíz de futebol, seus erros são usados como pretexto para mudanças drásticas, quase sempre para pior. Mas, é claro, só quando são contra nosso time ou seleção porque, a favor, ninguém diz nada, ou acha graça depois de ver o "Fabuloso" ajeitar a bola com a mão duas vezes antes de marcar contra os africanos. A utilização da tecnologia, na ocasião, não foi pauta em nenhum programa esportivo.

O grande problema é que em todas as questões os argumentos utilizados são rasos e contam com um apelo popular considerável para que sejam aprovados e, é claro, garantem a popularidade eleitoral aos aproveitadores - autores das propostas, vide família Bolsonaro e Renato Maurício Prado, o mais pedante da atualidade. Não podemos esquecer que é justamente em momentos de crise que são tomadas as piores decisões da humanidade, onde são cometidas as maiores atrocidades em nome da lei e da ordem. O que quero neste texto de hoje é defender a não utilização da tecnologia no futebol, fornecendo elementos acerca da discussão que nos façam problematizar de maneira qualificada o debate, ajudando a tomar nossas decisões diante dos fatos expostos.

Em primeiro lugar o futebol, assim como qualquer outro campo de estudo, sofre as alterações promovidas pela dinâmica capitalista que impõe novas regras a cada jogo. Como passou a ser também visto como espaço de negócios onde se gera renda e trabalho e, principalmente, lucros, não seria ele que fugiria das adaptações necessárias a um empreendimento que maximize os lucros e minimize as perdas, pra usar o jargão econômico. Pois bem. Esse dinamismo gerado pela constante necessidade de adaptação e renovação, onde o ontem é obsoleto, fez com que a informática e a tecnologia assumissem a ponta no processo de informatização e velocidade da informação, pontos estes que constituem o alicerce do desenvolvimento deste empreendimento global. Ou seja: se o futebol é negócio, empresa, que pretende gerar lucro e se, mais além, o campeonato, seja ele qual for, é um produto a ser oferecido ao consumo do mundo, poderia ele dispensar o uso da tecnologia para a sua qualificação? Entraria o futebol, finalmente, no grupo dos esportes onde o resultado é sempre o justo? É hora de aposentar a vitrola e a fita de vídeo pra tocar MP3 e Blue-Ray?

Um segundo ponto a ser levantado faz menção ao estatuto do trabalho em si, ou seja, a desqualificação do trabalho artesanal e humano em função de uma demanda global homogênea. Num tempo onde padeiros não precisam saber fazer pão e sapateiros não precisam saber fazer sapatos, basta que dominem o programa de computador que realiza a tarefa, chegaremos então ao tempo em que não precisa saber nada de futebol pra ser juiz? Com o uso da tecnologia o homem de preto pode ser qualquer um, até mesmo um robô com câmera que somente repasse as ordens recebidas do seu controlador de algum lugar do estádio, onde ele verá o replay. E aí surge um dos problemas cruciais: quantas vezes não vimos na TV um grupo de comentaristas discordar, mesmo depois de ver trezentas vezes o mesmo lance? Ou seja, o cara vai ver o replay mas, de qualquer maneira, ele terá que interpretar o que está vendo e isso, de maneira categórica, torna inviável a assepsia tecnológica. Aí, imaginem: falta na grande área: pênalti ou não? Mesmo com a tecnologia, a interpretação humana nunca poderá ser deixada de lado, ainda que em alguns lances, como o gol da Inglaterra, ela não deixe dúvidas.

Ah, então ela seria usada somente para lances capitais. Impossível. Quem me garante que uma falta que não existiu na intermediária vai gerar um cruzamento que resultará em gol, sendo tão capital quanto a marcação de uma penalidade? Quem me garante que a expulsão injusta de um jogador não vai ser fundamental pra virada do outro time, sendo então fundamental novamente no resultado do jogo? Não adianta: no futebol, fidalgos amigos, qualquer lance é potencialmente capital e pode mudar o destino do jogo, tornando impossível escolher em que momentos ou em que lances a tecnologia deve ser utilizada. Ou se utiliza em todos os lances ou não se utiliza. Não existe argumento que sustente o contrário.

Outros fatores ajudam a compôr ainda melhor o quadro. Façam um esforço e imaginem comigo quinhentas partidas de futebol em um domingo no mundo. Imaginem a quantidade de faltas, expulsões, impedimentos e cartões, só pra citar algumas possibilidades do jogo. Se levarmos em consideração os acertos dos quinhentos juízes e mil bandeirinhas durante os noventa minutos em relação aos seus erros, podem ter certeza, estes últimos serão irrisórios em uma relação estatística, um caso de 90% pra 10% o que é completamente aceitável. Só por comparação, todos nós sabemos que o avião é mais seguro que o transporte rodoviário. Sabemos disso porque na proporção entre vôos realizados e acidentes que acontecem, temos um número aceitável de desastres que garante a sua segurança. Mas eles acontecem!!! E, vejam bem, os acidentes estão dentro do contexto, são possibilidades reais e que são levadas em consideração, já que não existe, em nenhum aspecto, a segurança total, seja da chegada ao destino ou do apito exato. Em qualquer lugar do mundo onde se exige segurança máxima, existe um cálculo que compõe a margem de erro, tão presente em nossas pesquisas eleitorais.

Outros poréns também estão em jogo e contam para a implementação da tecnologia no futebol. Com a sua utilização, o tempo de jogo seria, com certeza aumentado, tendo em vista as paralisações para análise das jogadas e lances polêmicos. Como a televisão iria lidar com este aumento de espaço na grade de programação e com a perda da emoção do lance duvidoso que é a base, a essência dramática do seu produto? Afinal, na televisão ninguém gosta de ver o justo e o bonzinho,  o final feliz, todos gostam mesmo é do vilão, da tragédia, daquele zagueiro carniceiro, do animal e do gladiador, do gol de placa do craque anulado, do drama das decisões erradas, inerentes a qualquer ser humano. Quarenta e cinco minutos iam se transformar com certeza em mais de uma hora, uma vez que o cronômetro deverá ser parado enquanto o lance é analisado sabe-se lá por quem e com que competência. E, por fim, o pior de tudo, a mais desgraçada de todas as consequências possíveis: ter que gritar gol sem a bola estufar a rede. Isso não existe. O cara chuta e...foi gol ou não? Pausa para análise dos tecnocratas da computação gráfica. Vem o resultado no telão: "É gol" O artilheiro que estava de braços cruzados no meio-campo, já sem nenhuma emoção, nem comemora, só ajeita o meião, a mesma coisa a torcida, que perdeu completamente o êxtase da jogada, aquele momento mágico. Um legítimo gol CPU, que só vai fazer gozar os mecanicistas da bola que, na ausência de talento e sorte, sempre apelam pro VT.

Um último problema é a adesão da FIFA ao uso da tecnologia. Não podemos esquecer que a FIFA muda as regras de todo o futebol, não só deste ou daquele campeonato. Tudo bem uma rodada na Premier League com os lances sendo analisados por computadores. Agora imaginem isso no interior do Brasil, No campeonato Acreano. Quem será capaz de garantir o aparato tecnológico em todos os campeonatos uma vez que eles serão regra? Todas as federações deverão se equipar e instalar nos estádios as câmeras e computadores para análise do lance. É necessário também o treinamento do sujeito que vai manipular o equipamento. E, por fim, fica a pergunta: quem será a autoridade máxima em campo: o juiz ou o homem do CPU? Na hora de reclamar, reclama com quem? Enfim, em estádios que mal tem lugar pra sentar e com a maioria das federações falidas,  imaginem o que seria a obrigatoriedade deste aparato...

Como vocês podem perceber, sou contra a utilização da tecnologia. O máximo que aceitaria é um chip na bola, pra saber - e comemorar -  na hora se ela entrou ou não e, mesmo assim, somente nas finais. Evitaria até mesmo a má fé de um Edílson da vida. Aceitar o erro do juiz é ter a certeza de que nada é certo, de que não deixaremos de sair de casa por causa das balas perdidas e de que continuaremos voando nas cadeiras apertadas da gol mesmo que um ou outro airbus exploda no ar matando todo mundo. Não saber ao certo é a essência da humanidade e, assim sendo, em meu ponto de vista, não vejo nenhum problema na incerteza do Referee.


domingo, 27 de junho de 2010

Oitavas de final, primeira parte!


A Copa do Mundo é realmente a única situação em que rubro-negros discordam tão abertamente! Não que a maior torcida do mundo seja um bloco monolítico, com apenas uma opinião sobre tudo. Temos nossas divergências, mas as discutimos nos confins das arquibas do Maraca. E se vamos detonar o time publicamente, o fazemos porque todos concordam com a crítica, nunca é cornetada individual.

Pois bem, achei o domingo futebolístico sensacional. Os erros da arbitragem foram absurdos. Mas isso não significa que Argentina e Alemanha não tenham vencido com autoridade, de forma categórica. A análise é a mesma que vale para Brasil e Costa do Marfim: o gol do Luis Fabiano foi um absurdo de ilegal, e matou qualquer tentativa de reação dos africanos. Hoje, no caso, o apito fez com que ingleses e mexicanos escancarassem suas defesas para os potentes contra-ataques dos adversários.

Mas a Inglaterra já tinha tomado dois gols ridículos, em uma demonstração de que sua defesa estava totalmente perdida diante da movimentação alemã. Klose, Müller, Ozil, Podolski, Khedira e Schweinsteiger deitaram e rolaram sobre Terry e Cia. O treinador germânico comedor de melecas está prestando um grande serviço ao futebol de seu país, quiçá do mundo, ao escalar um time jovem, leve, rápido, bem diferente do estilo clássico alemão, e que pode jogar pelo menos 3 copas ainda.

Já a Argentina fez sua pior partida na Copa. E ainda assim jogou bem. Maradona errou barrando o Verón, porque o Maxi Rodrigues foi presa fácil da defesa mexicana. Messi também não brilhou como nas partidas anteriores, mas para sorte dos hermanos Tevez estava inspirado. Mas o principal fator para que a Argentina não mantivesse o nível anterior é a sua defesa. Na primeira partida em que de fato os argentinos foram agredidos, vimos um jogo equilibrado, e um meio campo platino mais tenso, mais preso, sem poder se soltar.

Mais ainda assim, a Argentina foi (e é) mais time que o México. O jogo estava equilibrado, mas longe de estar sob controle mexicano. O México também tem uma defesa fraca, e isso ficou claro nos dois primeiros gols, inclusive no irregular, quando Tevez entra sozinho para dividir com o goleiro e este ainda bate roupa. Quando saiu o primeiro gol, tínhamos três finalizações para cada lado, sendo que o México tinha chutado as suas nos primeiros dez minutos. Seu ímpeto inicial já arrefecera, o time começava a recuar, jogar nos contra-ataques. Muito parecido, na minha opinião, com a postura da Costa do Marfim no jogo contra a seleção. Assim como podemos afirmar que nossa vitória seria construída mesmo sem o erro do juiz, o mesmo vale para os argentinos.

E sigo apostando nos hermanos contra a Alemanha. A movimentação germânica vai deixar nossos vizinhos de cabelo em pé, mas como esta seleção alemã não tem o estilo clássico de seu país, com defesa sólida, bem postada, creio que o talento portenho vai prevalecer.

Sobre os jogos de sexta, vitória merecida da celeste. A vitória uruguaia teria sido mais fácil se os jogadores acreditassem mais no time e não recuassem tanto. A prova disso foi a facilidade com que o Uruguai retomou o controle do jogo após o empate.

Já Gana me surpreendeu. Esperava mais dos yankes. Mas os africanos são muito fortes, disciplinados, sua defesa dá poucas chances para os adversários. Mas aposto nos sul-americanos. Tem uma defesa mais forte que a americana, dificilmente vão tomar gol de Gana, e tem um ataque mais veloz, mais técnico, e um jogador em excelente fase, o Forlan. Mas acredito em jogo amarrado, decido na prorrogação ou nos pênaltis.

E sigamos viciados em futebol, vidrados na copa, à espera dos próximos capítulos!

A arbitragem estragou o meu domingo


Sacanagem, hein? Eu todo animado para ver o que julgava ser dois jogões de bola com clima de Copa do Mundo e o que acontece? A arbitragem resolve influenciar nos resultados.


É evidente que se o gol da Inglaterra fosse validado, a Alemanha não teria o contra ataque durante todo o segundo tempo. Isso sem falar na possibilidade de virada já que, a gente sabe, o time que empata uma partida nas circunstâncias da Inglaterra, cresce na partida e tende a acuar o adversário.


Na segunda partida, O México começou melhor, mostrando que venderia caro uma eventual derrota. Sabia que a amarelada do Diego Cheirando Maradona tirando o craque Veron pra colocar o apenas voluntarioso Maxi Rodriguez era prova que, Dom Diego sabia que o México não era a Grécia, Nigéria ou Coréia do Sul. O jogo prometia. Tinha tudo pra ser um jogaço!

Mas o bandeirinha resolve sacanear o México.


É lógico que Argentina e Alemanha não precisam desse tipo de ajuda pra vencerem seus jogos

mas os erros influenciaram na dinâmica e na disposição tática das equipes comprometendo a imparcialidade.


O que me chamou a atenção nos dois erros é que eles foram grosseiros. Todo mundo viu, à primeira vista, que o chute do Lampard entrou e que Tevez, o galã da Copa, estava impedido.


Ao menos as lambanças serviram pra nos propiciar um grande duelo nas Quartas-de-final entre Alemanha e Argentina. Vai ser um jogaço... Se a arbitragem deixar.

Dos dilemas do futebol globalizado.

“O futebol é um jogo simples. 22 homens caçam a bola durante noventa minutos. E no final, devo dizer, os alemães sempre vencem”, Gary Lineker, artilheiro da Copa de 1986.

Verdade que desde 1954 a Alemanha no futebol mundial tem construído uma história de sucesso. Verdade que, a despeito de toda a soberba, a Inglaterra fez muito pouco desde 1966. À exceção do time comando por Lineker e Gazza em 1990, a Inglaterra tem penado para obter bons resultados, quiçá títulos. A questão basilar é a seguinte: como uma nação apaixonada por futebol (talvez a mais apaixonada no mundo) não conseguiu em cinquenta anos de futebol espetáculo montar times minimamente competitivos em relação às demais potências européias, tendo colecionado fracassos em Copas do Mundo e em Eurocopas, ao passo que seu 'rival' antitético, a Alemanha tem logrado êxito sucessivo em todas as competições. É preciso, assim, construir uma análise que escape à reprodução de estereótipos do tipo que caracteriza o futebol alemão comno essencialmente 'tático', o futebol da força, mas que seja fundamentada na análise do desenvolvimento histórico do futebol alemão, da gênese de suas equipes e no modo organizacional do futebol no país germânico. À guisa de análise, vale a pena refletir se existe (ou não) relação entre o sucesso futebolístico internacional (em termos mundiais) e a estrutura organizacional do campeonato nacional.

Embora a Premier League seja considerada a 'mais rica do mundo' e tenha obtido sucesso elevado em competições internacionais, tendo o Manchester United e o Chelsea realizado uma final 'inglesa' há dois anos atrás na Champions League, os seus problemas são públicos e notórios, notadamente, vem à baila, o 'elevado preço dos ingressos', que excluiu grande parcela dos torcedores dos estátidos.  O elevado preço dos ingresso fez com que a média de idade dos torcedores se elevasse em nível nunca antes vistos, o torcedor-padrão da Premier hoje tem em média 45 anos. De toda a forma, embora o lado negro da Premier League permaneça oculto nos mass media que quase sempre preferem enfatizar o 'sucesso' no combate ao 'hooliganismo' por Margaret Thatcher valorizando o conceito de 'platéia' do torcedor como espectador ao invés do torcedor como torcedor.  Nesse sentido, o elogio à Premier, o moderno, é, necessariamente, a crítica ao futebol-brasileiro, que representa em pólo oposto, o atraso, 'o semi-feudal'. Neste tipo de análise, por um lado, a Premier obteve sucesso dado ao seu elevado nível de organização fundamentalmente burocrático e capitalista, por outro, o campeonato brasileiro entrou em crise dado que às relações pessoais estruturam e ordenam o pensamento dos 'dirigentes de futebol' (os cartolas)  fazem com que o campeonato brasileiro não consiga 'ir para frente', não seja capaz de 'se organizar'.

De toda a forma, em período de Copa do Mundo, a explicação necessária e lógica que se tem ao vermos seleções historicamente fortes como a Itália e a Inglaterra, caírem de uma forma relativamente patética (mais no caso da Itália), a explicação que vem à mente dos mass media é o imediatismo: 'O futebol europeu está repleto de estrangeiros, não existe mais a identidade do clube com a nação'. O problema é que afirmada a quatro ventos, como uma questão aparentemente nova específica e exclusiva do futebol de espetáculo. O problema, no entanto, é que a circulação de jogadores, embora atualmente elevada a níveis nunca dantes vistos nos últimos vinte anos, sempre configurou-se como realidade, principalmente, no caso inglês. A Liga Inglesa, em certo sentido, configurou-se como uma espécie de Liga da Grã-Bretanha, desde sua gênese, dado que os escoceses, irlandeses e norte-irlandeses sempre foram constante presença na Primeira Divisão da Football League.

O famoso time do Manchester United, campeão europeu em 68, tinha um trio de ouro que contava com dois britânicos, Dennis Law, escocês, e George Best, norte-irlandês, além de, é claro, Bobby Charlton, inglês. O famoso time do Liverpool dos anos 70, tinha como principal referência Kenny Dalglish, outro escocês. Além do que no distante ano de 1983, o Liverpool foi o primeiro time a jogar uma final de FA Cup sem um inglês no esquadrão principal, tendo vencido o Everton, de Ardilles, por 3 a 1. O futebol italiano, de forma idêntica, sempre contou com alto indice de estrangeiros, mais do que isso logrou êxito na cooptação de jogadores à sua esquadra principal. Na estória dos campeonatos mundiais, a Itália sempre foi campeã com alguns jogadores naturalizados (em 1934-38, era clara a presença dos oriundi, ao passo, em 1982, Gentile nasceu na África, e, em 2006, Camorenesi, como sabemos, é argentino).

Uma questão, porém, parece-me central  e penso que isso tem a ver com a própria natureza do futebol inglês, como contraponto ao futebol italiano e ao futebol alemão.

O futebol inglês tem, por natureza, uma estrutura centrifuga, que embora tenha sofrido alterações nos últimos vinte anos, notamos no quadro selecionado uma gama de times não vista em nenhuma outra seleção cujo campeonato seja um dos principais do mundo. (Espanha, Itália, Inglaterra e Alemanha)
O Kaiserslautern de Fritz Walter formou a base do time campeão; nos anos 1970, o Bayern de Beckenbauer e Müller e, mesmo em 1990, numa seleção mais dispersa compartivamente, Klismann, Brehme e Mathaus formaram uma sorte de trio de ouro na Internazionale de Milão.

Em contraponto à seleção alemã, cuja espinha dorsal atuou/a e/ou foi formada no Bayern München, o time da Inglaterra é, literalmente, uma 'colcha de retalhos'. David James joga no Porstmouth; Defoe, Spurs; Upson, no West Ham; Garreth Barry, no City; Millner no glorioso Aston Villa; Rooney no Manchester United; Glen Jonhson e Gerrard, no Liverpool; Terry, Cole e Lampard, no Chelsea. A diferença é notável no caso alemão, quando oito jogadores da Seleção alemã (quase meio time) pertencem ao Bayern München, sem falar de Lukas Podolski, que embora atue no FC Kologne, defendeu por muito tempo o time da Baviera, além, é claro, de Ballack, lesionado, e de Tony Kroos, reserva, mas emprestado pelo Bayern ao Bayer.

Historicamente, tem sido assim. Enquanto a Inglaterra 'cata jogadores de diversos clubes' para formar um selecionado, a Alemanha encontrou no seu país times fortes que serven como base para a formação de uma seleção vitoriosa e competitiva. Neste sentido, embora de forma acentuada, isso tem muito pouco a ver, creio eu, com os dilemas do futebol globalizado, 'com o excessivo número de estrangeiros em cada time', mas com a dinâmica local do campeonato local. Verdade que na Inglaterra observamos uma concentração de poder nunca antes vista (o 'big four'), mesmo assim, uma concentração dispersiva, que engloba, aí sim, os dilemas do futebol globalizado em seu bojo.

A questão do selecionado, porém, tem a ver com a dinâmica histórica dos locais, ora centrífugos, no caso da Inglaterra, ora centrípetos, no caso da Alemanha. Dinâmica do campeonato local, aliás, que tem a ver com a própria dinâmica histórica de cada nação. Mas isso, porém, é uma outra conversa... E bom, agora vai começar Argentina e México.



Ainda sobre a primeira fase...


Com um dia de atraso, por conta de problemas técnicos, lanço meu comentário sobre a derradeira rodada da primeira fase da Copa.

Vou começar logo pelo jogo que para mim foi a grande partida da Copa até aqui, e tudo isso graças aos últimos dez minutos: Itália e Eslováquia. Que drama italiano! Deu pena dos atuais campeões, tanto que me peguei torcendo pela classificação desse time medíocre que eles montaram. Novamente a Itália não jogou nada. Deu uma melhorada com a entrada do Pirlo no meio e do Quagliaera no ataque, este fazendo o gol mais bonito da copa até aqui. Como eu já tinha escrito aqui, sem algum talento não se vai longe em uma competição como esta. Totti e Del Piero se aposentaram acertadamente após o título por cima. O treinador Marcelo Lippi não renovou de fato sua seleção, apostou que com a mesma base de 2006, com o mesmo estilo de jogo obteria sucesso. Sem o talento contudo, e apostando em postes como Gilardino e Iaquinta, não conseguiu mais do que dois pontos. O Capitão Canavaro é um exemplo da decadência desse time, é sombra do zagueiro que levsntou a taça a quatro anos atrás, toma dribles que me fazem lembrar o zagueirasso Rodrigo Arroz, revelado na Gávea faz alguns anos. De Rossi também foi patético, falhou em dois gols eslovacos. No fim, merecida eliminação da Azurra.

No Grupo A, sem surpresas, classificação de Uruguai e México, que por sinal fizeram um bom jogo, movimentado, aberto, porque ambos queriam fugir da Argentina nas oitavas.

O grupo dos hermanos também teve um desfecho emocionante, por conta do jogo Coréia do Sul e Nigéria. Estava torcendo pelos africanos, mas os gols que eles perderam fatalmente seriam castigados com uma eliminação. Impressionante, teve um gol de baixo da trave que até o Pedro Pessoa faria. O jogo da Argentina ganhou aquele clima de quando você está jogando uma pelada e ainda não fez gol. Você se manda para frente, chuta todas, todo mundo toca para te ajudar, até que o seu gol sai! Ocorre que esse cara era o Messi, e o que o gol não saiu. Mas teve o Palermo, marcando na primeira chance, e o Maradona lançando outro peixinho para comemorar o gol do seu salvador! Sensacional.

Grupo C, sem surpresas como o A, mas com muita emoção por conta do jogo dos EUA. Em determinado momento do jogo os argelinos sabiam que não tinham mais chance de classificação, mas jogavam como se fosse o jogo da vida deles, contra os ianques imperialistas! Os caras não têm uma importante avenida da cidade denominada Che Guevara a toa. Mas a classificação estadunidense foi merecida, procuraram o gol o tempo todo, enquanto a Eslovênia cozinhava o jogo com a Inglaterra. Esta até melhorou, mas acho que perde para a Alemanha nas oitavas.

Os próximos grupos tiveram configuração parecida: duas decepções européias, Sérvia e Dinamarca, que jogaram bem as primeiras partidas, só dependiam de si para se classificar, e foram derrotadas por Austrália e Japão na ultima partida. Os discípulos de Zico pescaram a vaga, enquanto no grupo D Gana se deu bem mesmo perdendo para a Alemanha. Como eu já tinha dito antes, PET faz muita falta para o sérvios!!! E a Holanda, passando em primeiro do grupo E, fica no caminho do Brasil para as quartas.

Espanha e Chile garantiram as vagas do ultimo grupo da copa, pelo bem do futebol. Imagina uma classificação da Suíça? Seria o mesmo que o Vasco atual ser campeão brasileiro! O Bielsa mostrou que é um grande treinador, o Chile jogou muito bem, mesmo com um a menos, e vai dar trabalho para o Brasil. E a Espanha chega forte, com o time pegando jeito, mostrando que a derrota na estréia foi mesmo um acidente.

Vai sobrar para Portugal! A diferença entre as duas seleções ibéricas está na incapacidade que os lusos tiveram de ganhar o jogo contra o Brasil. Durante uma meia hora eles tiveram chances reais de ganhar o jogo, controlaram o meio campo, mas não ousaram. A Espanha ousaria, sem nenhuma dúvida.

Mas o Dunga é um cagão: o Brasil tem dificuldade de jogar contra retrancas bem armadas, que empurram a bola para ser armada por Felipe Melo, Gilberto Silva e Lucio! Porém, Chile e Holanda são times que deixam o adversário jogar, e ai Kaká, Robinho, Luis Fabiano e Maicon vão deitar e rola. O Brasil vai penar mesmo para ganhar da celeste nas semi!

Aguardemos as oitavas, que já começaram, e que prometem muito, tendo em vista o crescimento técnico e dramático da Copa a cada rodada que passa!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Manifesto em favor de uma arbitragem da inteligência

'O videotaipe é burro', dizia, com toda a razão, Nelson Rodrigues. O videotaipe é burro porque a lógica do vídeo difere, em nível fundamental, da lógica do jogo: o vídeo ao retirar a jogada seu contexto, descontextualiza o lance, tira o lance da jogada, e a jogada do jogo, do momento. À guisa de exemplo, pode-se comparar  o videotaipe do gol de barriga- o video de um gol feito ao acaso- com o gol de barriga em seu contexto, no momento de execução, no final do segundo tempo?  Da mesma sorte, o videotaipe torna um lance comum, e às vezes até um jogador comum, em  jogador espetacular, basta lembrar da contratação de Horácio Peralta com status de craque pelo Flamengo, via DVD.
O uso do videotaipe é defendido, em todo o momento, pelos jornalistas defensores da imparcialidade, 'idiotas da objetividade', o recurso do videotaipe para análise dos lances capitais. Os lances são objetivos, verdadeiros, reais, impossíveis de se constestar. Um impedimento é um impedimento. Uma falta é uma falta. Um cartão vermelho é um cartão vermelho. A regra, no limite, é clara. O videotaipe, puro e simples, é a prova da regra, aquele que elimina a dúvida, sublima a margem. Mas será, de fato, assim?
Ora, o árbitro, não à toa, veste-se de preto, por excelência, ele é o 'neutro', o 'imparcial', o 'mediador'. Tem de ser assim, mas, por isso, deve permanecer alheio à lógica do jogo? Ao contrário, penso que o árbitro deve ser um camaleão, imiscuir por dentro do jogo, compreendê-lo, para posteriormente, regulá-lo.
Tivemos hoje um impedimento milimétrico que eliminou a Itália. O bandeira inglês 'viu' e apitou. Impedimento. Por azar, acertou. Mas poderia ter errado. Seguiu 'a letra fria da lei': dois milimetros da unha à frente da zaga, portanto, impedimento, mas acertou? Penso que não. Penso, senhores, que o bandeira foi burro, foi um 'idiota da objetividade'. Mesmo que tivesse visto Quagliarella à frente da zaga eslovena, ele não podia, não devia, não ousaria anular aquele gol. Mas anulou. E foi aplaudido. Ao contrário dos idiotas da objetividade, amigos, quero dizer que o árbitro assim como o videotaipe foi burro, porque foi pretensamente objetivo em uma questão que se deveria assumir como explicitamente subjetiva. Não estou 'sendo torcedor', muito pelo contrário. Eu queria que a Itália fosse para casa o mais rápido possível. Que bom, assim, que o bandeira anulou o gol de Quagliarella. Mas terá sido correta a atitude? Claro que não! O lance, visto em videotaipe, como objeto isolado em laboratório em que se comprava se estava impedido ou não, dá razão ao árbitro. Ele, portanto, viu o lance. Mas não compreendeu o desenrolar do jogo; viu o lance (o que é bastante discutível se ele viu ou não), mas não viu o jogo.
Uma arbitragem para ser objetiva tem de se assumir como explicitamente subjetiva, para que, ao compreender a lógica do jogo, interprete os lances de limiaridade, de dúvida, de fronteira como subjetivos, de acordos com o desenrolar do jogo. Um pênalti no Brasil não é igual um pênalti na Inglaterra, o que é percebido claramente pelos  mass media, tanto que o jornalista Mauro Cézar, criou a tal 'da Liga anti-penalti à brasileira'. Ora, se existe o pênalti à brasileira, o pênalti à inglesa, na equação futebolística 'um pênalti não é igual a pênalti'. Se isso é percebido, por que não é incorporado explicitamente? Por que o futebol tem operar segundo a lógica do sim e a lógica do não? O videotaipe é burro; a objetividade é burra, a arbitragem se torna burra na medida que se quer objetiva e milimétrica. Uma arbitragem que desejar fugir da idiotia da objetividade, tem de se assumir como subjetiva, tem de incorporar 'o jogo ao apito'. Deixa, assim, de ser burra, tornando-se, imediatamente, inteligente.
Urge que tenhamos uma arbitragem inteligente no futebol mundial. E é para ontem.



terça-feira, 22 de junho de 2010

Mapeando a Copa de 2010: da supremacia da tática e da ausência da técnica

Quanto mais se fala sobre o futebol, menos se conhece de futebol. A Copa do Mundo é o exemplo perfeito: o fato dela 'ter estado' horrível (ela melhorou recentemente) gerou uma série de opiniões tiradas 'do conhecimento espontâneo', que todo brasileiro 'detem e tem' sobre o futebol. Reentemente numa mesa-redonda da ESPN Brasil, cada comentarista detinha uma posição acerda 'da pior copa do mundo do mundo' Para sintetizar, existiam, na mesa, duas opiniões contrastivas: de um lado a imagem corrente e recorrente é: 'o futebol de hoje é pior do que o futebol de antigamente', defendida por Fernando Calazans, Juca Kfouri e outros; de um outro lado a opinião 'abalizada', de que esta Copa era a da tática e não a da técnica, o que era defendido pelo PVC. As opiniões contrastivas dizem muito acerca das transformações que futebol de espetáculo tem passado nos últimos 20 anos, ousaria dizer, como conclusão preliminar, que todos tem e não tem razão.

 Um dos pontos críticos da mesa era o fato de que esta era uma Copa com 'poucos gols',  o que era decorrência, para uns, do baixo 'nível técnico', para outros, do 'desenvolvimento da tática'. O que quer dizer afinal a redução da média de gols no futebol-espetáculo?

Se analisarmos as mudanças do futebol-espetáculo dos últimos cem anos, veremos uma progressiva (interrompida durante os anos da Guerra) redução da média de gols em todos os campeonatos. O historiador inglês Dave Russell, para o caso do campeonato inglês da década de 1930, verificou como a mudança de estatuto no técnico transformou, significativamente, a média de gols do campeonato inglês.  No tempo do W-M, nomes como Herbert Chapman, treinador do Arsenal, ganharam notoriedade por formar um time ('boring Arsenal') que sofria poucos gols e marcava menos ainda. O tempo dos 6 x 5, dos 7 x 5, dava lugar ao tempo do 1-0, do 2-1, mas isso não era sinal, de forma alguma, de 'involução técnica', mas sim de evolução: tática e técnica.  No decorrer dos anos, em progressão lógica, à medida que o 'campo esportivo' complexificava-se, o esporte passava a movimentar 'mais dinheiro'; espetacularizando-se. A hiper-espetacularização do futebol levou o jogo, necessariamente, a uma hiper-especialização: cada vez mais é impensável, por exemplo, formar uma equipe sem um 'prepador de goleiros', 'preparador de zagueiros', 'preparador de meio-campo', o preparador físico:, etc: o conhecimento especializado tornou-se a regra, não a exceção. Os jogadores melhoraram em força, técnica. Num confronto hipotético: não tenho dúvidas em afirmar que, se, por exemplo, a seleção de hoje, enfrentasse a Seleção de 70 (uma das mais preparadas fisicamente em seu tempo) não teria grandes dificuldades em vencê-la (o exemplo é tosco, mas verdadeiro: a questao, porém, é muito mais complexa do que isso) . Da mesma forma, um conjunto de amadores dotados de alto talento nos anos 40/50 poderia fazer jogo duro com os melhores times profissionais de seu tempo, o que é inviável atualmente. Sob este ponto de vista, o futebol 'melhorou': para usar uma expressão do Damo, na esfera esportiva, o futebol-espetáculo acentuou (e acentua cada vez mais) radicalmente a diferença entre amadores e profissionais; do que a baixa média de gols é decorrência da melhora do nível tático (e, em certo sentido, técnico) desta Copa em relação às outras.

Por outro lado o recrutamento de jogadores, passou a priorizar atributos físicos, em aliança com os técnicos. Entre dois zagueiros, temos um com técnica apurada, preparo físico razoável, sem altura; o outro com técnica razoável e preparo físico e altura espetaculares, sem dúvida que o de segundo será o recrutado. De toda a forma, não creio que, em níveis globais, isso tenha grande repercussão, dado que os 'grandes jogadores', sempre foram aqueles que conseguiram aliar técnica e física e desde pelo menos os anos 70 isso tem sido assim. E claro as exceções como Maradona e Messi são sempre e serão sempre tratadas como exceções à regra.

De ordem relevante para contribuir com um suposto baixo nível técnico é o esgotamento físico da temporada européia e o parco tempo de preparação dos jogadores junto às suas seleções. As exigências da hiper-comercialização forçaram com que jogadores como Wayne Rooney tivessem de se sacrificar por seus clubes, jogando quase sempre no sacrificio. Rooney chegou à Copa cansado e absolutamente sem condições físicas, o que já havia ocorrido com Ronaldinho Gaúcho em 2006 e Zinedine Zidane em 2002. Mesmo assim, cabe destacar que Pelé em 1962-1966, assim como Maradona em 1982, Di Stefano e Puskas em 1958, sofreram com as temporadas em seus clubes, chegando à Copa do Mundo exauridos.

Cansados, os craques não conseguiram desenvolver o seu melhor futebol. Antes (até 1982, talvez, última Copa que teve os seus três principais jogadores jogando em seus respectivos países: Zico, Platini e Rummennigge), os jogadores e as seleções tinha tempo de preparação, para que pudessem formar um time, um grupo; atualmente, o que se tem? Jogadores que chegam em cima do laço, sem um mínimo de descanso, em face às exigências do calendário europeu e, principalmente, da UEFA Champions League, competição que rivaliza em importância com a Copa do Mundo que termina a menos de um mês da competição de Seleções. Maicon, Lúcio e Julio César foram os últimos jogadores a se apresentar na Seleção Canarinho, a menos de uma semana antes do embarque para a AFS.

O futebol tornou-se um esporte globalizado par excellance, cuja migração dos jogadores e de técnicos fez com que o esporte deixasse, a nível de selecionados, de ter seu centro na Europa. Jogadores como Gervinho, Romaric, na Costa do Marfim, são resultante do contato de um treinador brasileiros com jogadores africanos; por outro lado, a hiper-presença de jogadores sul-americanos, africanos e asiáticos nos  campeonatos europeus (mais do que enfraquecer as seleções européias, o que é uma meia-verdade) fortalece, sem dúvida, as seleções periféricas, como Coréia do Sul, EUA, Gana e outros, como próprio Brasil e Argentina, dado que os jogadores de seus times estão jogando constantemte 'contra os melhores', acentuando, paradoxalmente, 'a técnica e a tática'.

Portanto, penso que as posições de PVC e de Calazans são absolutamente corretas e incorretas simultaneamente. O desenvolvimento da técnica e da tática correu em paralelo no desenvolvimento do futebol-espetáculo. Ausência de gols significa necessariamente o avanço da tática e o recuo da técnica, mas sim avanço da tática e da técnica simultaneamente, dado o avanço da hiper-especialização que se verifica no campo-esportivo. Mais do que isso, a mundialização do futebol, tendo como decorrência a migração de jogadores e de técnicos, elevou também os níveis das seleções periféricas e a expressão 'não tem mais bobo no futebol' é cada vez mais verdadeira.

Ora, do ponto de vista lógico, nunca houve uma Copa do Mundo como esta, em sentido positivo. Resta apenas comentar que o futebol nem sempre gosta tanto da lógica assim, preferindo quase sempre, uma lógica ilógica.

Resultado da enquete

Fidalgos amigos, é com grande orgulho que anuncio que,pela primeira vez na história das enquetes, não tivemos um empate. Com 50% dos votos apurados, as vuvuzelas foram eleitas a maldição da Copa do Mundo. A nova pergunta já está em campo!

Nada mais importa!!!


Saudações rubro-negras, saudações aliviadas porque estamos em tempo de Copa do Mundo, porque não está fácil abrir a página do Flamengo no Globo Esporte e ler que o Rogério está mantido, e que nossos grandes reforços são Jean e Renato Abreu...

Mas enfim, a Copa do Mundo melhorou muito na segunda rodada, os times precisavam fazer o resultado, o jogo abriu. Alguns comentários sobre a segunda rodada.

No grupo A, estamos assistindo ao ressurgir do Uruguai tal como uma Fênix futebolística. Dêem uma olhada na possível trajetória da Celeste Olímpica no mata-mata: se os uruguaios realmente se classificarem em primeiro, e a Inglaterra em segundo, eles terão caminho aberto para chegar às semi-finais e pegar o Brasil. Antes, pegariam coréia do sul provavelmente, e o vencedor de EUA e Sérvia. Pelo futebol que o Forlan está apresentando, e como a Sérvia não levou o PET, pode cravar o Uruguai na semifinal. Quanto a eliminação da França, já tinha cantado a pedra aqui neste blog, sem o Zidane eles não são nada.

Parece que o Higuain leu minha crítica a ele na Sala do Pano, e meu pedido pelo Milito. Pois bem, o Hermano foi lá e anotou três tentos, virou artilheiro da Copa, e mostrou porque o Don Diego confia nele. De todo modo, a Argentina jogou muito bem, ofensiva, buscando o gol a todo o tempo, sabendo das limitações da sua defesa. Nota especial para o toque do Messi para o Aguero e deste para o Higuain no último gol, que foi até aqui o gol da copa da minha opinião.

Inglaterra e Itália se juntam à França como decepções desta Copa entre as favoritas. Os atuais campões vão se classificar com três empates, estão jogando um futebol sofrível, perderam a reserva de talento que tinham com Toti e Del Piero. Já os súditos da rainha nem podem empatar, e quem viu os jogos deles, parece que não vão ter forças para conquistar uma vitória. Time deprimido, cabisbaixo, Rooney está bichado, não rende nada.

Holanda deve se classificar em primeiro e pegar a Itália, mas está devendo futebol também. Seleção sempre badalada, fez dois jogos medíocres, e a ausência do Robben não pode ser desculpa para o fraco futebol apresentado. O vencedor deste confronto pega o Brasil. Pelo que têm jogado, os dois caem diante dos canarinhos. Se a Itália conseguir a proeza de passar pela Holanda, não repete contra outra seleção de primeiro escalão. Já a Holanda vai deixar o Brasil jogar, e ai é tudo o que o Dunga quer.

Falando de Brasil, vou seguir comparando nossa seleção ao Inter de Mourinho. A vitória contra a Costa do Marfin se equipara ao primeiro jogo da Inter de Milão contra o Barcelona nas semi da Liga dos Campões. Vitória incontestável, eficiente, construída no talento dos jogadores de frente e na solidez da defesa atrás. Que partida jogaram Lucio e Juan! A nota triste foi exatamente quando os africanos recuavam, fechando o meio campo, e a armação da seleção time ficando a cargo de Gilberto Silva e Felipe Melo. Por isso o Dunga está rezando para pegar a Espanha nas oitavas e a Holanda nas quartas, são times ofensivos, que deixam jogar.

Mas o nosso anão mal humorado vai ficar querendo. A Espanha vai passar em primeiro. Fez mais saldo contra Honduras, simples assim. E é fato que a Suíça não vai fazer mais que um gol na seleção centro-americana. Se o Chile conseguir perder só de um para a Fúria, passa em segundo e pega o Brasil. Aliás, o Chile ontem, contra os suíços, quase jogou sua classificação fora, perdeu vários gols e uma oportunidade de ouro de fazer saldo.

Restam ainda Alemanha e Portugal. Para mim, são as duas seleções ainda indecifráveis. Golearam quando pegaram adversários ridículos, e por conta do saldo de gols devem se classificar. Mas não foram bem diante de seleções melhor preparadas. A Alemanha deve passar em primeiro ainda, e se a Inglaterra conseguir ganhar o jogo, teremos um grande confronto já nas oitavas. Portugal perde pro Brasil na sexta, mas carimba a segunda vaga.

A nota triste é a virtual eliminação de todas as seleções africanas. Os Bafana foram a cara do Parreira na segunda rodada, tão pagando os pecados da demissão do papai Joel. Nigéria ganhava de um a zero da Grécia, tinha o controle do jogo, mas uma expulsão infantil botou tudo a perder. Acredito que seja a seleção africana com mais chances de classificar, pois basta ganhar simples da Coréia do Sul enquanto a Argentina faz o trabalho contra os gregos. Mas eu acho que a Nigéria não ganha. Gana também jogou fora a vaga quando empatou com a Austrália com um a mais. Poderia até perder para Alemanha se tivesse vencido o jogo, mas não pressionou de verdade parecia satisfeita com o resultado. Costa do Marfin não foi nem sombra da equipe que enfrentou Portugal. Os caras amarelaram bonito. E o Eto’o apenas provou nesta Copa que é pior que Obina.

Que venha a terceira rodada! Copa do Mundo, Nada mais Importa!!!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O leite derramou


Sem ter a intenção de ter a última palavra, quero dizer que não concordo com a comparação entre a seleção brasileira e a Inter de Milão.

A atuação do time do Mourinho na segunda partida contra o Barcelona pela semifinal da Liga dos Campeões foi das posturas mais covardes que eu já vi em 38 anos de paixão pelo esporte bretão. Vergonhoso e desnecessário porque acho que a Inter tem um bom elenco. Um time que tem na sua linha de frente Sneijder, Eto'0 e Milito, que fez uma temporada espetacular, que tem uma defesa consistente com Julio Cesar, Maicon, Lúcio, Samuel e Zanetti, não tem necessidade de assumir postura tão vexatória.

A seleção brasileira tem o contra- ataque como sua principal jogada ofensiva. Este contra ataque não nasce de um chutão aleatório que pega o atacante sozinho contra 4 zagueiros. É, no meu entendimento, muito bem organizado com um arranque no meio- campo, apoio de um dos laterais, movimentação dos homens de frente e chegada do Elano. Por isso acho que a comparação é desmedida.


Já disse aqui que gosto das alfinetadas que o Dunga dá na arrogante imprensa esportiva brasileira. A maioria dos jornalistas não entendem que, discordar e criticar a imprensa não faz de ninguém um censor, filhote de Jair Bolsonaro ou viúva da ditadura.

Mas ontem ele exagerou. Provocou, ficou xingando baixo e levantou com cara de quem iria partir pras vias de fato. Perdeu a linha.

Eu entendo as mágoas do Dunga. Não é fácil ser execrado em praça pública durante anos, ver sua família ser apontada na rua e com direitos de resposta desproporcionais. E ainda aturar o cinismo da imprensa se perguntando: " O que fizemos ao Dunga pra ele tratar a gente assim?"

O técnico da seleção visivelmente marcou a cara de todo mundo e vai executando seu plano de vingança. É velha história do Quem bate esquece, já quem apanha...

Mas o treinador não prima pela sutileza. Ontem foi extremamente mal- educado, ao que parece, se valendo de uma melhor atuação do seu time.


Se o Brasil for campeão ele tranca a sala de imprensa e ateia fogo.

domingo, 20 de junho de 2010

Ainda sobre razão e paixão...


Camaradas, escrevo pela ultima vez sobre esta polêmica que mobiliza nosso blog, antes que todos os seguidores nos abandonem! Mas acredito que estamos chegando ao ponto que mais me interessa, que mais justifica minha opção platina, e que, portanto, me ajuda e defender a torcida pela Argentina.


Jamaica disse que o vídeo não o impressionou por conta de tudo o que ele viu o Zico fazer. Cappelli afirmou que torcer pela argentina é o mesmo que ir a um Fla-Flu e torcer pelo adversário. O primeiro está certo, nosso anfitrião errado.


Para mim, não existe no futebol nenhuma paixão que se compare ao que sinto pelo Flamengo. E tenho certeza que falo por todos os rubro-negros. Para os flamenguistas, a seleção é algo secundário. Não trocaríamos nenhum titulo do Mais Querido por algum triunfo do Brasil em Copa do Mundo. Em 2006, a eliminação da seleção diante da França pouco nos importou, pois logo depois da Copa detonamos o Vice da Gama e fomos Campeões da Copa do Brasil. Do mesmo modo, o penta em 2002 não melhorou o nosso ano futebolístico, marcado por fracassos no Brasileiro e na Liberta.


O Flamengo está acima de tudo. Nossa Nação é e vermelha e preta. Nosso envolvimento com a seleção canarinho é proporcional a presença de jogadores formados na gávea em seus elencos. E se o Brasil não ganhou uma Copa do Mundo com Zico, azar o dele, e de todos os infelizes que vão morrer sem poder bater no peito e se orgulhar de ter o Zico conduzindo seu time a uma conquista. O Flamengo está em outro patamar.


Se entre os torcedores dos outros times não é assim, o que eu duvido, isso só comprova que a paixão pelo Flamengo é a maior do Brasil.


Por isso minha opção pela Argentina não é apenas racional, como fui acusado aqui. O Brasil não é minha paixão futebolística numero 1, precisa me conquistar. E não pela razão, com argumentos tão caros ao Galvão Bueno e ao Dunga como “é a nossa pátria que vai estar representada lá” e outras besteiras. A seleção brasileira precisa nos encantar, precisa representar o que há de melhor no velho esporte bretão. Precisa pelo menos tentar fazer isso.


Eu nunca afirmei que o Dunga era um mau treinador, ou que o Maradona é o melhor “professor” do mundo. Apenas disse, e repito, que o anão brasileiro fez uma opção pelo futebol Europeu, pelo Mourinho way of life, e deliberadamente eliminou o talento da nossa seleção, uma opção que ofende a história da seleção brasileira e do futebol brasileiro. Ao mesmo tempo, o anão argentino busca afirmar o que há de melhor no futebol mundial e nas raízes do futebol argentino, convocando e escalando o que tem de melhor, armando todo o time em função do Messi.


O vídeo que postei é o exemplo disso. Nossa seleção é tão cinza, tão mecânica que sequer desperta iniciativas deste tipo. E nesse sentido, o vídeo é muito bom sim. Ver argentinos jogando e exaltando a de meia é um "cala boca galvão" tão expressivo quanto a campanha no tuiter.


O lance em que o Messi driblou três zagueiros sul-coreanos na entrada da área e deu um totozinho por baixo da bola para encobrir o goleiro foi a jogada mais apaixonante e mais irracional desta copa até aqui. A razão o mandava chutar forte, rasteiro, tentar o gol de forma mais direta. Mas o coração decidiu pela consagração, pelo impossível, mesmo que o gol não saísse.


Insisto, imaginem o bem que vai fazer para o futebol mundial o Messi se consagrar na África do Sul. Ou como vai ser ruim a vitória de uma seleção inspirada no grande José Mourinho, como é o caso do nosso time. Os caras vão ser tri, continuam nossos fregueses, com menos títulos do que agente, e em 2014, com uma seleção jogando para a frente, cheia de jogadores talentosos, diante do povo brasileiro, o hexa vem, no melhor estilo das nossas tradições futebolísticas.


Saudações Rubro-Negras

sexta-feira, 18 de junho de 2010

De volta à malucada 2

Ser comparado ao Eduardo Paes é motivo suficiente para desistir para sempre deste blog. Mas realmente o texto do Dono do Blog é muito bom e reflete exatamente o que eu quis dizer. Mais intelecto, mais Razão. Menos intelecto, mais churrasco na laje.



Razão e paixão estão aí pra gerar discussão. Que bom. Em 97 o Vasco tinha um timaço, lembram? Edmundo, Mauro Galvão, Juninho Pernambucano, Felipe, Pedrinho, Juninho Paulista, Ramon. A Razão dizia que esse time merecia ser campeão de tudo o que iria disputar. Futebol de encher os olhos. Mas a Paixão me trouxe à Razão num desses paradoxos que só o futebol possibilita: Era um timaço mas, vestia a camisa do Vasco. E, por mais que quisesse torcer à favor do futebol espetáculo, torci com enorme paixão pelo Real Madrid na final do Mundial Interclubes. E sacaneei todos os vascaínos que eu conhecia com enorme prazer. Campeão Mundial no Rio? Só o Mengão, amigo.



Sou fã do Maradona, sim. Acho que já escrevi neste blog que admiro a paixão que ele tem pelo futebol argentino. Vai ao estádio vestido como um torcedor comum. Xinga, vibra, faz o diabo.

Partilho da opinião da maioria do argentinos: Se o Maradona não atrapalhar, a seleção hermana pode vir a ser campeã do Mundo. Lá, como jogador, ele é deus! Mas como treinador, Josh, ele está para a imprensa e a torcida argentina assim como o Dunga está para a imprensa e a torcida brasileira. São poucos os que teem coragem de defendê- lo publicamente. A imprensa esportiva argentina moveu um processo coletivo pelas palavras pouco carinhosas que Dom Diego proferiu para a imprensa no final da eliminatórias. Resultou num pedido de desculpas públicas de Maradona.

Morro de amores pelo Dunga? Longe disso. Josué, Doni, Julio Batista, Kleberson, Grafite são jogadores que, definitivamente, não merecem a honra de disputar uma Copa do Mundo pelo Brasil. Mereciam fazê- lo pela Nova Zelândia, Austrália ou outra seleção que o valha.

Mas não me sinto incomodado em torcer pelo Júlio César, pelo Maicon, pelo Daniel Alves, pelo Juan, pelo Kaká, pelo Ramires, pelo Robinho, pelo Nilmar, pelo Luis Fabiano e até pelo Lúcio ( porque afinal, como diz uma letra do Jorge Ben, zagueiro não pode ser muito sentimental)



Sinceramente, Josh? O vídeo não me impressionou. Tudo o que esse vídeo quis dizer, eu vivi nas tardes de domingo em que vi Zico vestindo a camisa 10 do Flamengo no Maracanã com 150 mil pessoas. Se você tivesse tido essa chance, tenho certeza, não iria se impressionar com qualquer coisa.



Fico imaginando um Brasil e Argentina na final da Copa ( acho que não será possível porque, se não me falha a memória, eles se cruzariam na semifinal) e tenho certeza que vai me doer muito menos ver o Dunga e seus asseclas campeões do Mundo do que ver os argentinos tirando uma onda histórica em cima da gente e, ainda por cima, me chamando de Macaco.

Se a final for Argentina contra uma seleção européia, eu torço pelos Hermanos.

Abraço forte, Josh!

Rumo ao tri!

Para jamaica, cappelli, e demais interessados:

A seleção do dunga é tão ruim que não gerou nenhuma inciativa como esta que vcs vão ver.

O vídeo é bom também para desmistificar uma idéia de que só o brasileiro é apaixonado por futebol. Não to dizendo que vocês falaram isso, mas esse patriotismo galvãobuenistico que faz não apenas agente torcer pro Brasil mas também contra a Argentina propaga essa idéia constantemente.

Eu deveria xingar nosso anfitrião de todos os palavrões existentes por ele me chamar de gabeira! Mas o texto foi tão bom que eu vou relevar...

Rumo ao tri!!!


Jamaica Paes x Josué Gabeira

Fidalgos amigos, as duas últimas postagens foram sintomáticas e revelaram muito a respeito não só do futebol, mas do referencial de quem vê o futebol. Segundo Jamaica Paes, se você for do subúrbio ou da baixada, sua visão é outra, suas expectativas são diferenciadas e o que você espera é raça e entrega, devoção em campo, o que imuniza qualquer pereba dos seus 367 passes errados e dos seus 296 gols perdidos. Não é a toa que os jogadores desabonados de técnica são sempre chamados de "guerreiros": Leandro guerreiro, Charles guerreiro, Marcinho guerreiro e por aí vai. Guerreiro quer dizer, neste caso, que o cara é ruim de dar dó, só destrói e não cria nada, mas é fundamental pro time caminhar. Não adianta, meu amigo, soltar o Tenório Cavalcanti no meio campo com sua capa preta e sua lurdinha desenbestada se ele não tiver o mínimo de mira. O Justiceiro pode até ganhar o lance, mas pode compromoter o jogo.

O problema aqui é que um time com 11 "guerreiros" só carrega o piano, mas não toca uma nota, não junta lé com cré e desafina a orquestra toda. Essa história de "se tudo estiver dando errado comece a dar carrinho" é muito boa pra enganar aqueles que se contentam apenas com a "entrega" do jogador. Quando falamos que um jogador é "esforçado" estamos na realidade dizendo "tadinho, ele tenta mas é um fracasso". É necessário que após a enxadada, seja plantada uma semente que floresça em gols. Temos que tomar cuidado com esta visão de que os "da baixada" não possuem maiores exigências em relação ao espetáculo, que basta suar pro povão se deleitar. Como Joãosinho trinta já dissera, quem gosta de pobreza e miséria é o rico (e o Sebastião Salgado), pobre gosta de fartura e riqueza e, é claro, lances memoráveis que resultem em partidas inesquecíveis. Caso contrário, estaríamos aceitando que para alguns segmentos da população basta dar feijão com arroz que ficam satisfeitos, pão e circo, e não creio ser este o caso.

É claro que Josué Gabeira reflete o pensamento da Zona Sul, de alto poder de crítica e de valores diferenciados. E não é por acaso que escolheu a Argentina como opção. Quem mais ele poderia escolher se não nossa arqui-rival, nossa inimiga mortal para torcer a favor? Se um filho quer atormentar um pai vascaíno. pra que time ele vai torcer? Flamengo, óbvio. A escolha hermana é sim intelectual mas também inconscientimente social, já que ela reverbera nos outros de maneira diferenciada, cria discussão e repercute de forma ampliada. A Eslovênia poderia ser o melhor time do mundo que ele nunca torceria pra ela. Em meus tempos de menino, todos que queriam chamar a atenção, ou torciam contra o Brasil, ou a favor da Argentina, ou os dois, ainda que sempre no final comemorassem como crianças mais um caneco canarinho. Ou vocês acham que alguém tem coragem de comemorar um título argentino por aqui?

Achar que o Messi é craque, não se discute. Agora, daí a afirmar que estamos diante de uma seleção diferenciada, que apresenta um futebol bonito e envolvente é uma distância considerável. Fazer 4 gols na poderosa Coréia do Sul não é credencial pra nada. Eu me lembro da Romênia do Hagi, da Bulgária do Stoichkov, de Camarões de Roger Milla, todos jogadores por quais tive apreço, da mesma forma que tenho pelo Messi. Agora, torcer pelo triunfo deles é o mesmo que ir numa final FLA x FLU e torcer pelo adversário, impossível. E aqui entra a intelectualidade desprovida da emoção do Gabeira, que permite ao cético separá-las em um campo inseparável, o da rivalidade futebolística.

Se gritar no gol da Argentina vendo o jogo com o Jamaica lá na baixada, vai pro saco, curto e grosso. Não se grita Vasco no meio da Raça. Se estiver na Zona Sul com o Josué, começará um debate cheio de citações e falas prolixas, que se estenderão para muito além do jogo, tornando-se até mais importante que ele. O que não podemos esquecer é que, seja na birosca da Tia Doca ou no Devassa, todos esperam pela mesma coisa: gols, beleza e emoção, independente de quanto se tem no bolso ou onde se mora.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bom Começo!


Calma galera, não estou falando da Copa como um todo, nem da seleção brasileira que penou para ganhar da Coréia do Norte. Meu assunto mesmo é a minha Argentina!!!

Os hermanos jogaram bem a primeira partida, ainda mais se levarmos em conta que o adversário era minimamente perigoso. Messi flutuou pelo campo todo, distribuindo passes e dribles, fazendo tabelas, só faltou mesmo o gol. Alias, se La Pulga não é o artilheiro da Copa, a culpa é do Julio César Nigeriano, que fechou o gol.

Verón também foi espetacular, ditando o ritmo da partida, acelerando o jogo quando necessário, cadenciando nos momentos em que a Argentina precisava. O resto do meio campo portenho foi medíocre, ninguém se arriscou demais, achei o Di Maria muito preso á marcação, esperava mais dele.

O destaque negativo ficou por conta do Higuain, que perdeu dois gols feitos. Impossível o Milito não ganhar a vaga dele ao longo da competição. Aliais, Maradona errou em só colocar o artilheiro de Milão aos 35 do segundo tempo.

Para não deixar meu amigo Jamaica sem resposta, fica o registro: Irmão, você acertou na mosca! Minha opção pela Argentina é totalmente intelectual. Meu grande argumento é que vai fazer muito bem para o futebol mundial uma vitória do selecionado de Maradona. Ao passo que o Hexa com Dunga vai confirmar o lado Mourinho do velho esporte bretão.

Sobre a reclamação do nosso anfitrião sobre o baixo nível da copa, isso só pode ser um delírio de quem está com o time engrenado no brasileirão. Garanto que nenhum rubro-negro, vascaíno ou botafoguense quer que a Copa acabe logo.

Além disso, já tem pelo menos umas 6 copas que a retranca comanda o futebol mundial. Desde 1990 pelo menos. Ocorre que a cada 4 anos nós vemos o nascimento de um mito. Romário em 1994, Zidane em 1998, nosso trio Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaucho dividindo os louros em 2002, Zidane uma vez mais em 2006. E se o Brasil ganhar esse ano, quem vai ser? Alguém aposta no Kaká, depois de ontem, quando ele errou passes simples?

Podem apostar que a os jogos vão melhorar na segunda rodada. Os times precisam fazer o resultado. Hoje mesmo, Uruguai e Bafana, já foi um exemplo. Imagina se a Inglaterra empata novamente? Pode dar adeus a copa... O mesmo vale pra Itália, França, Brasil, Portugal, Espanha Acredito que teremos mais ofensividade, e com isso, mais lances bonitos, mais gols.

Só para falar um pouco de outros jogos, algumas rápidas e rasteiras: acho que a França vai repetir 2002 e dançar na primeira fase. Para quem não lembra, eles estavam sem o Zidane naquela copa. Sem esse monstro, Le Bleus não são de nada. Sigo confiando na Espanha, mesmo que passe em segundo. Acho que o que ocorreu hoje não se repete, uma retranca não segura o volume de jogo espanhol mais de uma vez. A Alemanha me surpreendeu muito, time leve, tocando a bola rápida, com muito movimentação. Vamos ver como se comporta contra uma seleção mais cascuda, porque a Austrália foi ridícula. Já a Itália é isso mesmo, vai apresentar esse futebol sem vergonha e chegar longe. Inglaterra sim foi um decepção, não produziu nada, e tem pelo menos 3 jogadores bem talentosos. Em relação à Holanda, se quiser chegar a algum lugar, tem que barrar aquele bando de Van de Alguma coisa que dominam a seleção faz anos e botar os dois muleques que entraram no segundo tempo, Elia e Affelay. E devemos festejar o renascimento uruguaio, encaminhou muito bem sua classificação, Forlan joga demais. A África tem tudo para ser a decepção dessa copa. Imagino que Gana passe. Vamos ver se a Nigéria desencanta.

Por fim mesmo, o grupo do Brasil. Quem viu Portugal e Costa do Marfim sabe que vai ser muito casca grossa pegar esses dois times. O empate foi o pior resultado possível para o Dunga. Portugal vai ganhar da Coréia do Norte, já tem 4 pontos. Podemos tranquilamente terminar domingo em segundo do grupo, por exemplo, se empatar com Drogba e Cia. E pelo que jogou o time brasileiro, e a força demonstrada pelos marfinenses, vai ser osso duro de roer. Ai vai ter que ganhar de Portugal de qualquer maneira, porque um novo empate pode complicar a situação, caso Costa do Marfim bote um monte de bola na rede norte-coreana. E olha que nem estou falando em possíveis derrotas do Brasil...

Saudações Rubro-Negras

De volta à Malucada!



Estou chegando a conclusão que essa conversa de futebol bonito, futebol espetáculo, futebol moleque, futebol pra frente, é coisa de intelectual.

Desde 94 que eu não assistia a uma Copa na Baixada. Assistia na Zona Sul do Rio e depois, em Niterói. E, acreditem, tudo é diferente.


O representante da milícia local, que é meu amigo de infância, bateu no portão pedindo 10 pratas pra enfeitar a rua. " Tá na mão, família!" Mandei de imediato mesmo sabendo que o dinheiro do cigarro estava indo embora. A rua ficou uma beleza. Devido a velha amizade, o muro da casa da minha mãe foi previlegiado com uma belíssima pintura em estilo Surrealista, de orgulhar o Salvador Dalí. Foi a melhor explicação que eu encontrei pra descrever o que eles pintaram.


No dia do jogo, olhando toda aquela festa que a " Família" preparou para a estreia do Brasil, me dei conta do seguinte: Quem gosta de futebol espetáculo é intelectual! Os torcedores comuns teem outros valores. A malucada ( me permita o uso do termo, Josh) do Alzirão, da Baixada, do subúrbio, querem ver raça, disposição, entrega, suor na camisa.

Quando o Flamengo fica de palhaçadinha no Maracanã o que a torcida canta? " Queremos Raça!"


Nós, rubro- negros, falamos em futebol espetáculo, mas morremos de saudades do Airton, que deu uma pesada criminosa na costela do Nilmar e um soco num atacante do Coritiba. Sem ele, o sistema defensivo do Flamengo nunca mais foi o mesmo. São as nossas contradições.


E me permita dizer, Josh, dentro de campo, Pelé foi muiiiiiiiiiiiiiiiiiiito melhor do que o Maradona.

Em conquistas, número de gols e qualquer outro comparativo que você queira estabelecer.

Pra mim a comparação jamais deveria ser entre Pelé e Maradona. Mas entre Zico e Maradona.


Torcer pra Argentina desde o início de uma copa do mundo, Josh, é algo tão intelectual, que se eu contar pra " Família" que eu tenho um amigo assim, retiram o Surrealismo do muro! Sem direito a devolução das 10 pratas e com aumento na conta do Gatonet.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Resultado e nova enquete


Com colossais 11 votos, tivemos o empate entre a Camisa Roxa do Timão e a Templária do vasco como as mais feias entre as terceiras camisas dos times brasileiros.

Campeonato estadual do mundo

Fidalgos amigos, esta Copa até agora está uma grande decepção. Uma partida pior do que a outra, com bandos correndo atrás de uma jabulani que cisma em não parar no pé de ninguém. E minha decepção é maior porque esperei, sinceramente, por este momento e faço sacrifícios para assistir aos jogos. A verdade é que já estou sentindo falta do brasileirão. Nada pode ser pior do que acordar 8:30 da matina, depois de uma noite mal dormida em razão do choro das crianças, e acompanhar Argélia e Eslovênia, ou então achar que pode acontecer alguma coisa entre Sérvia e Gana. Até TV nova comprei, mesmo sob protestos da patroa, que acha um absurdo comprar uma TV pra ver a Copa (e o pior é que pela qualidade dos jogos estou sem defesa...).

Aquele Vasco e Palmeiras tenebroso em São Januário é uma partida épica perto destes dois jogos. Guarani e Prudente no Brinco de Ouro, decidido aos 48 do segundo tempo em um penalti duvidoso vira partida pra rever 247 vezes.  E, tirando até agora a Alemanha, não vi nenhum jogo decente, essa que é a verdade. Uns podem dizer que a Argentina fez uma boa partida, que a abertura foi emocionante e que esse ou aquele outro jogo foge da miséria que está sendo transmitida, não importa. Jogo de Copa do mundo ainda não vi. Não podemos esquecer que são os 11 melhores jogadores de cada país e que, no mínimo, a vontade deveria ser maior.

É daí que chego a conclusão que a Copa do Mundo é, na verdade, um grande campeonato estadual, com os times principais e um monte de babas pra fazer os grandes aparecerem. Esta política do nosso Havelange, uma espécie de caixa D'água internacional, de inchar a competição pra poder aumentar seu poder político fez com que os jogos perdessem o elán, bicando pra escanteio os elementos que o tornam um ritual extremamente absorvente. Se nós temos Boavista, Bangu, Tigres e Friburguense, a FIFA tem Argélia, Eslovênia, Coréia do Norte e Honduras. Se sabemos que no final vão sobrar só os quatro grandes, sabemos que as chances do campeão do mundo estar entre Brasil, Itália, Alemanha e Espanha são de 95%, sobrando pra Argentina, França e os demais as mesma chances que permitiram ao Volta Redonda e ao Resende jogarem as semi-finais do Carioca. A verdade, meus amigos, é que esperamos quatro anos pra reproduzir o que vivemos nos três primeiros meses do ano: um campeonato de cartas marcadas e com resultado altamente previsível. E que não vamos perder por nada!!!

Escrevo após a Holanda ganhar da Dinamarca e o Japão ganhar de Camarões. Mais dois jogos modorrentos que não prestaram pra nada. Mais tarde Itália e Paraguai, que tem tudo pra ser 0X0 tendo em vista a tradição retranqueira das duas equipes. Enfim, mais um dia e nada de futebol....

E o pior de tudo é que não podemos zoar ninguém por conta dos resultados. Que graça isso tem?

Saudações tricolores!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Messias voltou?


Todos os nossos leitores já devem saber, mas Maradona é como um Deus para os argentinos.

Não existe sequer comparação com o que Pelé é para os brasileiros. Para os nascidos em final da década de 1970 em diante, Pelé significa muito pouco. Menos que Rivelino, Zico, Dinamite, Reinaldo, Falcão, Sócrates, Renato Gaucho, Raí, Romário, Edmundo, Tulio Maravilha, Rogério Ceni, Adriano, Rivaldo, Ronaldo, Alex, Fernandão, Obina! ... Acho que só para os santistas mesmo ele é o mais sem questionamento. Todos esses que falei acima foram ídolos em seus clubes, conquistaram muito, e alguns de lambuja ai beliscaram uma copa do mundo.

Com o Maradona é diferente. Ele é um verdadeiro intelectual orgânico do povo argentino, no melhor sentido gramsciniano do termo. Mesmo quando mandou mal, por exemplo, no seu apoio a Carlos Menem, o craque argentino estava fortalecendo seus vínculos com o povo do seu país. O mesmo vale para o seu drama com as drogas, um verdadeiro tango nacional.

Enquanto Pelé resolveu ganhar dinheiro na vida, Maradona tatuou o revolucionário argentino Che Guevara, participou de atos contra o Bush, e topou ser treinador da seleção, aceitou o desafio de expor sua idolatria à critica dos ratos. E vem se saindo bem, em minha opinião.

Curiosamente, não é ele o Messias argentino que retorna, como no caso do Zico. A expectativa portenha está em um jogador fora de série, que vem encantando o mundo, e quem precisa nessa Copa provar sua divindade. Não é fácil a tarefa do Messi.

Ele precisa substituir o Maradona, mas não pode fazê-lo por completo. Nunca jogou na Argentina, não tem vinculo nenhum com seu povo, e por isso é sempre questionado quando veste a camisa da seleção. Se ganhar a Copa, creio que o questionamento desaparece, inclusive porque o próprio Maradona vai abençoá-lo.

Por isso a pergunta do titulo. Vou torcer muito para que a resposta seja afirmativa. Sem patriotismo bobo nesse momento. Mesmo que nossos hermanos sejam tri, continuaremos penta, o que é bastante superior.

E a vitória deles fará bem para o nosso futebol. Será uma vitória de um mito, Maradona, que procurou criar outro mito, o Messi. Bem diferente do realismo do Dunga, que deliberadamente podou o talento da seleção brasileira, e pretende ganhar a copa na força física.

Eu não to exigindo um brilho que sei que nossa atual geração de jogadores não tem. Mas o que o dunga fez nesta convocação foi um absurdo. Escale agora a seleção da copa e você verá que teremos três jogadores incontestáveis: Julio César, Maicon, Lucio. Nenhum jogador do nosso meio campo estaria nessa convocação inicial, nem o Kaká, que acredito que seria barrado pelo Xavi e pelo Schneider como meias, com o Messi jogando livre, sem posição. No ataque, sem chances para Robinho e Luis Fabiano. Roney e Cristiano Ronaldo na frente são imbatíveis.

Em 2002 não tínhamos o brilho do Messi. Mas o Felipão se cercou de Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaucho para poder dispensar o Romário. O único talento que o Dunga manteve foi o do Robinho, que anda em baixa, e o do Kaká, que é um talento potencializado pela força física, tanto que sua principal jogada é o arranque. E enquanto a Argentina tem 6 atacantes no grupo, nós temos 7 volantes.

Por fim, é inaceitável que ao passo que o Maradona libera sexo, sorvete, vinho e churrasco para os seus jogadores, o Dunga diz que nem todo mundo gosta de sexo. Não dá para torcer por esse cabeça de área em espírito e coração. Pelo menos não até a semi-final.

Saudações Rubro-Negras!

O Messias Voltou!


Foi muito difícil escrever esse texto. Meu primeiro impulso foi o de escrever no momento imediato em que vi a chamada no site do globoesporte “Urgente: Zico Volta ao Flamengo!”. Mas ai cliquei na chamada e eles só diziam “mais informações em instantes!”. Perdi o ímpeto.

Pensei então em esperar a entrevista oficial para repercutir no blog. A noticia de que o galinho só assumiria o depois da copa foi meio que um balde de água fria... Toda a nossa inter-temporada vai ser feita no mesmo clima velhaco que domina a política flamenguista. Então, arrefeci novamente.

Outra possibilidade aventada foi postar depois da vitória contra o Palmeiras. Aquele gol espírita do Vagner Love só podia ser fruto da presença do Zico. Minha prudência mandou esperar o jogo contra o Goiás. Ainda bem que não paguei esse mico...

Mas enfim, o clima de copa, especulações sobre milhares de contratações, o Flamengo milagrosamente não fazendo companhia ao Vasco na zona de rebaixamento, resolvi finalmente me manifestar!

O retorno do Zico é simplesmente a melhor noticia que o Flamengo produziu desde... a aposentadoria do Zico. Não tem como não apelar para a alegoria religiosa para descrever esse momento: Messias significa um rei que redime seu povo e traz um período de paz e justiça para sua nação. Não foi exatamente isso que o Zico nos proporcionou como jogador?

E após a sua saída, o que vivemos? Um ultimo espasmo com o penta em 1992, conquistado pelo ultimo dos seus apóstolos, o Junior. E depois, passamos as piores fases da história do Flamengo. Contratamos um jogador do gabarito do Romário, mas o baixinho vai o maior Judas da história do Mengão, só nos deu um carioca, colecionou vices como Copa do Brasil, Rio São Paulo e Supercopa, e para finalizar, ainda foi campeão brasileiro e da Mercosul pelo Vasco.

Depois disso, colecionamos quase-rebaixamentos que só não se concretizaram porque o Flamengo é maior que tudo. É verdade que nesse processo, conquistamos a hegemonia do Rio, passamos o Flor em títulos estaduais. Mas sabemos que isso é pouco.

Zico retorna agora para redimir o Fla. Volta com a situação do clube muito melhor do que no período imediato ao que ele se aposentou. Desde 2006 que o MENGÃO retomou seu lugar no protagonismo do futebol brasileiro. Uma Copa do Brasil e o HEXA (também comandado por um apóstolo do galinho, só que dessa vez no Banco) formam o saldo positivo dessa geração de Léo Moura, Juan, Angelim, Bruno. Geração esta que teve seus vexames também.

O Messias vai levar o mais querido definitivamente a um tempo de paz e justiça. Certamente terminaremos essa primeira gestão dele com estrutura similar ao São Paulo, Cruzeiro, Inter, etc. Voltaremos a formar jogadores de base, não apenas em espasmos como no caso do Renato Augusto, mas de forma sistemática. É fato também que nunca mais veremos na Gávea figuras sinistras como Gil, Denis Marques, Dimba, Dill.. o Galinho sempre vai priorizar dar a chance para alguma “muleque da gávea” ao invés de gastar tubos de dinheiro nessas tristes figuras.

No mais, Felipão ser cogitado como nosso treinador é obviamente fruto do retorno do Artur mais famoso do mundo! E, convenhamos, é a melhor maneira dos rubro-negros esfregarem na cara dos tricolores a zoação do ultimo fla-flu: “ôôô temos treinador”!

Tremei infiéis, pois o Messias voltou!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Férias no Avaí


Fidalgos tricolores, é com grande entusiasmo que vos escrevo nesse momento. Depois de tantas desgraças e fugas do rebaixamento ao longo dos anos, finalmente estamos jogando um futebol que, a priore, nos dá perspectivas do tamanho da devoção de nossa torcida. Basta jogar um bom futebol que nós voltamos a encher o maraca com orgulho, ainda que as 19:30 de uma quinta-feira fria e chuvosa. Foi assim contra o Vitória e, com certeza, será assim no nosso próximo compromisso contra o Prudente no maraca, que só vai fechar em agosto.

Logo depois deste jogo já entramos de férias, muito antes de qualquer outro time do campeonato. Empolgada com nossa campanha, a diretoria benévola e fidalga proporcionou ao time um passeio no Avaí, no parque da ressacada, onde Fred, Alan e Leandro Euzébio foram os responsáveis pela diversão do grupo. Apesar de terem somente duas horas de diversão na ilha, todos conseguiram se esbaldar. Os nativos se mostraram muito solícitos e colaboraram com os visitantes, se encarregando de, entre outras tarefas, sempre colocar a bola no meio depois dela estufar suas redes. Na primeira vez duvidamos, na segunda desconfiamos e na terceira vez que eles foram de cabeça baixa repetir o mesmo gesto, nos convencemos e paramos de fazer os aborígenes de bobos.

Se tudo der certo, voltaremos ainda mais forte, com reforços excelentes e pontuais, casos de Edinho, Cléber Santana, Araújo e Deco. Se chegarem só dois destes, já tá ótimo. Nosso terceiro lugar é resultado da nova política de que jogo fora é jogo em casa, o que deixa claro porque todo time do Muricy chega nas cabeças. É só lembrar do Grêmio ano passado que ganhava todas dentro do Olímpico e nehuma fora, e não arrumou nada. Outra coisa fundamental é: melhor perder arriscando do que empatar. Nesses pontos corridos, o empate é uma desgraça. Temos cinco vitórias e duas derrotas, justamente para os que estão acima de nós na tabela, ambas por 1x0. menos mal que foi fora de casa e que no turno que vem podemos tirar isso a limpo.

Uma pena o campeonato parar agora. Não é pelo blá blá blá de que vai tirar o ritmo dos que estão na frente ou vai ser benéfico para os que estão atrás, nada disso. Até porque o campeonato pode parar dois anos que esse time do Vasco nunca vai melhorar. O negócio é não ter mais o Cartola pra jogar!  Por via das dúvidas já escalei meu time pra daqui a um mês e, provavelmente, vou alterá-lo todos os dias, sendo que a última modificação, o derradeiro click vai ser, pra variar, a dez segundos do fechamento do mercado. Êita adrenalina boa e besta!.

Por fim, um relato. Estive no jogo contra o Vitória e teve aquela palhaçada de, depois de entrar na arquibancada, não poder mais sair (isso porque na bilheteria a moça falou que não teria isso no jogo quando fiz questão de que meu ingresso fosse da verde. Aliás, uma loucura: pra entrar na arquibancada tinha que passar o ingresso novamente, ou seja: mais fila! E confusão, é claro. òbviamente, o portão foi esgarçado pela galera e passou quem quis). Fim do primeiro tempo, queria rodar pro outro lado pra ficar atrás do gol e me vejo diante de um portão, sem ninguém, com corrente e cadeado. Agora me diz: sai um tumulto ou acontece qualquer desgraça como fica? Um absurdo isso. Aí rodei mais um pouco e dei de cara com um funcionário no portão, sendo pressionado pela torcida até que aconteceu o óbvio: ele foi empurrado, junto com o PM raquitico que ao seu lado estava e a torcida passou igual manada por cima deles. Tinha necessidade? Jogo de uma torcida só. É a mesma coisa que você pagar pra ir no teatro e colocarem um cercadinho em volta da sua mesa, com um penico de bônus. Loucura.

Agora vamos de Copa do Mundo.

Saudações tricolores!

A Imprensa é uma lata de salsicha


Eu confesso: Tenho me divertido muito observando o comportamento da imprensa esportiva nacional às vésperas da Copa. Na boa, eu acho que apenas 15, 20 por cento do quê a gente lê ou ouve é aproveitável. A grande maioria, como dizia Sérgio Porto, também conhecido como Stanilaw Ponte Preta, é um verdadeiro Febeapá : Festival de Besteiras que Assola o País.


No dia 28 de maio foi publicado um interessante artigo na A Folha de São Paulo dando conta que a direção de jornalismo da Globo emitiu memorando a todos os jornalistas da emissora que irão trabalhar na Copa para que não exagerem nas críticas ao Dunga. Já falei aqui, num outro texto, que a referida emissora, não perdoa o treinador da seleção por ele ter cortado os previlégios globais com a seleção brasileira. Eles teem medo de cometer o mesmo erro cometido pela Rede Bandeirantes em 94, quando esta, investiu no fracasso do time de Parreira e depois, logo após a final, teve que dizer coisas do tipo: " Tudo o que falamos aqui foi pro bem da seleção."


Aliás, devemos a Rede Bandeirantes, ao Luciano do Valle e ao Juarez Soares a famosíssima frase do Zagallo: " Vocês vão ter que me engolir!"


Esta semana observei a repercussão de uma entrevista do Dunga, na África do Sul, na qual ele disse a um jornalista espanhol, que sabia que, parte da imprensa brasileira estava torcendo pelo fracasso da seleção na Copa e que estes jornalistas não tinham coragem de declarar isso publicamente por falta de coragem ou/e pra salvar seus empregos.

A Rede Bandeirantes, no seu programa Jogo Aberto, dedicou uma matéria sobre esta declaração do Dunga. Respeitosa, sem fazer juízo de valor. Já estão escaldados desde 94.

A Globo, na sua tv aberta, ignorou completamente este assunto. Nada foi dito no Globo Esporte, nada foi dito nos blocos dedicados à Copa no Jornal Nacional e no Jornal da Globo.


Eu confesso que gosto quando o Dunga fala essas coisas. Eu acho que a imprensa esportiva nacional é arrogante, prepotente e se posiciona como Dona da Verdade. Gosto quando alguém tem coragem pra desafia- la. Gosto quando alguém tem coragem pra expor os interesses escondidos atrás das " opiniões".


  • Semana passada, Luis Fernando Veríssimo escreveu um texto esclarecedor na sua coluna do O Globo, contando coisas que a imprensa dizia antes da Copa de 70. Diziam que o Pelé estava acabado porque estava ficando cego. Diziam que aquela seleção não tinha futuro porque não tinha um centroavante de ofício. Que Tostão não servia para fazer a função.

Muitos dos jornalistas que falaram estas bobagens ainda estão por aí. Exaltando a seleção de 70 sem nunca terem admitido que falaram bobagens. E por quê não admitem?


Eu acho que o motivo é simples. Informação e Opinião, são tão produtos quanto uma lata de salsicha na prateleira de supermercado. Se você começa admitir que erra, seu produto perde credibilidade. Se perde credibilidade, quem compra?


Como diz Alberto Dinnes, no excelente programa Observatório da Imprensa: " Essa história de Imprensa imparcial é um mito inventado pela própria Imprensa."