quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Messias voltou?


Todos os nossos leitores já devem saber, mas Maradona é como um Deus para os argentinos.

Não existe sequer comparação com o que Pelé é para os brasileiros. Para os nascidos em final da década de 1970 em diante, Pelé significa muito pouco. Menos que Rivelino, Zico, Dinamite, Reinaldo, Falcão, Sócrates, Renato Gaucho, Raí, Romário, Edmundo, Tulio Maravilha, Rogério Ceni, Adriano, Rivaldo, Ronaldo, Alex, Fernandão, Obina! ... Acho que só para os santistas mesmo ele é o mais sem questionamento. Todos esses que falei acima foram ídolos em seus clubes, conquistaram muito, e alguns de lambuja ai beliscaram uma copa do mundo.

Com o Maradona é diferente. Ele é um verdadeiro intelectual orgânico do povo argentino, no melhor sentido gramsciniano do termo. Mesmo quando mandou mal, por exemplo, no seu apoio a Carlos Menem, o craque argentino estava fortalecendo seus vínculos com o povo do seu país. O mesmo vale para o seu drama com as drogas, um verdadeiro tango nacional.

Enquanto Pelé resolveu ganhar dinheiro na vida, Maradona tatuou o revolucionário argentino Che Guevara, participou de atos contra o Bush, e topou ser treinador da seleção, aceitou o desafio de expor sua idolatria à critica dos ratos. E vem se saindo bem, em minha opinião.

Curiosamente, não é ele o Messias argentino que retorna, como no caso do Zico. A expectativa portenha está em um jogador fora de série, que vem encantando o mundo, e quem precisa nessa Copa provar sua divindade. Não é fácil a tarefa do Messi.

Ele precisa substituir o Maradona, mas não pode fazê-lo por completo. Nunca jogou na Argentina, não tem vinculo nenhum com seu povo, e por isso é sempre questionado quando veste a camisa da seleção. Se ganhar a Copa, creio que o questionamento desaparece, inclusive porque o próprio Maradona vai abençoá-lo.

Por isso a pergunta do titulo. Vou torcer muito para que a resposta seja afirmativa. Sem patriotismo bobo nesse momento. Mesmo que nossos hermanos sejam tri, continuaremos penta, o que é bastante superior.

E a vitória deles fará bem para o nosso futebol. Será uma vitória de um mito, Maradona, que procurou criar outro mito, o Messi. Bem diferente do realismo do Dunga, que deliberadamente podou o talento da seleção brasileira, e pretende ganhar a copa na força física.

Eu não to exigindo um brilho que sei que nossa atual geração de jogadores não tem. Mas o que o dunga fez nesta convocação foi um absurdo. Escale agora a seleção da copa e você verá que teremos três jogadores incontestáveis: Julio César, Maicon, Lucio. Nenhum jogador do nosso meio campo estaria nessa convocação inicial, nem o Kaká, que acredito que seria barrado pelo Xavi e pelo Schneider como meias, com o Messi jogando livre, sem posição. No ataque, sem chances para Robinho e Luis Fabiano. Roney e Cristiano Ronaldo na frente são imbatíveis.

Em 2002 não tínhamos o brilho do Messi. Mas o Felipão se cercou de Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaucho para poder dispensar o Romário. O único talento que o Dunga manteve foi o do Robinho, que anda em baixa, e o do Kaká, que é um talento potencializado pela força física, tanto que sua principal jogada é o arranque. E enquanto a Argentina tem 6 atacantes no grupo, nós temos 7 volantes.

Por fim, é inaceitável que ao passo que o Maradona libera sexo, sorvete, vinho e churrasco para os seus jogadores, o Dunga diz que nem todo mundo gosta de sexo. Não dá para torcer por esse cabeça de área em espírito e coração. Pelo menos não até a semi-final.

Saudações Rubro-Negras!

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