quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Poderoso Flamengo e a ressuscitação de monstros


Já vimos esse filme. O cara está na sarjeta, acabado, julgado e condenado por todos como um fracassado, um pária. Após atingir o ápice da carreira por mérito próprio, o cabra se torna vergonha nacional também por conta das suas próprias atitudes. Do céu ao inferno é o ditado popular que sintetiza esta situação.

Mas eis que surge uma força inenarrável, um gigante indestrutível. E então um movimento irrefreável faz-se sentir. Todos o percebem, muitos o temem, outros tantos o celebram. O FLAMENGO surge e resolve ressuscitar o monstro derrotado pela providência, inviabilizado pelo destino, soterrado pela fortuna.

Sabedor de sua onipotência, ciente de sua imortalidade, sapiente dos seus poderes, o Manto Sagrado resolve tingir de vermelho e preto aquele desterrado que outrora singrou os corações de toda gente.

Ao fazer isso, confere ao banido, ao degredado, uma nova morada que não uma cova sete palmos abaixo da terra, uma nova identidade que não a de um vagabundo, uma nova missão que não a da mera sobrevivência.

O apedrejado passa ter um escudo abençoado pela energia de milhões de almas vitoriosas, que não conhecem a dor ou a derrota. De amaldiçoado ele passa a consagrado, ungido pela dimensão divina do Mais Querido.

Não importa o que ele tenha realizado antes para obter o sucesso, nem os acontecimentos que o levaram descer ao rés do chão. O que conta é que a graça que o atingiu quando é escolhido pela Nação não tem paralelo na história humana.

A partir de agora, o que ele operar serão feitos, não mais fatos. Serão eventos, acontecimentos, nunca rotina ou cotidiano. Suas pernas em braços são animados por todos os espíritos, vivos ou mortos, que tiveram a honra de defender a bandeira e as cores do FLAMENGO, que foram santificados em servir a esta torcida inigualável.

É simplesmente nunca mais estar sozinho, não ser mais um indivíduo, mas sim milhões em um, galvanizando o vigor e a pujança de Zico que conquistou o Mundo, daquele que é o maior de todos os tempos em nosso templo máximo, o Maracanã. Ou então a virilidade de Dida, atacante que só cedeu lugar no panteão dos Deuses ao Pelé, proclamado rei de direito após a copa de 1970, mas de fato apenas quando vestiu o Manto Sagrado em 1979. Absorve também a certeza de Domingos da Guia, maior zagueiro da história do futebol brasileiro, impávido colosso da grande área nos tempos em que só havia a Gávea e nada mais. Conquista ainda a criatividade de Leônidas da Silva, inventor da bicicleta e com ela, do futebol moleque, da arte dentro de campo que encantou o planeta. Adquiri por fim a seiva que moldou o mito Zizinho, mestre mágico que é reverenciado pelo mesmo Edson Arantes já citado.

Por falta de espaço muitos deixarão de estar presentes nesse testemunho, mas a ausência do salmo não os excluí do Olímpo que abrange a cultura Flamengo, e que é decisiva para que o Monstro rediviva. Trata-se da Raça de Rondinele, da musicalidade de Junior Capacete, da velocidade de Vevé, da precisão de Pirilo, da presença de Nunes, da elegância de Carpegiani, da habilidade de Adílio, da intempestividade de Doval, da simplicidade de Andrade, da inteligência de Petkovic.

Enfim, quando o Flamengo quer, o tempo para, a terra gira ao contrário, a gravidade é revogada. O monstro mais recente que o FLAMENGO ressuscitou tem o apelido de Imperador. Atacante forte e habilidoso ao mesmo tempo, Adriano foi embora cedo da Gávea para conquistar a Itália. Decisivo em seu clube e na seleção, carrasco de argentinos, o Impera se perdeu em uma história que mistura bebida, depressão, juventude, dinheiro. Mas então o FLAMENGO decidiu que Adriano merecia outra chance na vida. O resultado foi o Hexa, Adriano de volta à Europa e à seleção. Se ele vai desperdiçar novamente suas vitórias, isso não é mais da conta dos rubro-negros.

Sendo assim, bem vindo de volta Vanderlei Luxemburgo. Prepare-se para ressuscitar!

Saudações Rubro-Negras

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