quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um Feliz Aniversário...


Nação Rubro-Negra, realmente tivemos um feliz aniversário nesse ultimo domingo. Não apenas pela nossa previsível vitória contra o Náutico, mas também porque a rodada foi mais uma vez perfeita. O Palmeiras tropeçou antes da hora, galo e cruzeiro perderam pontos preciosos e deixaram a nossa vaga na liberta praticamente garantida. A vitória do São Paulo, também previsível, veio acompanhada da derrota do Botafogo. Ou seja, nossos chorões mais queridos vão fazer uma decisão em casa contra os bambi, e se forem inteligentes podem tranquilamente ganhar. O time do São Paulo não é tão bom assim, e o do Botafogo está nessa situação muito por ser tido o time mais prejudicado pela arbitragem nesse brasileiro. Quem viu as partidas dos herdeiros de garrincha e Nilton Santos contra Inter e o próprio Flamengo sabe que a vitória contra o tricolor paulista é uma possibilidade real, e não uma zebra.

Já o Mengão inicia sua seqüência de três amistosos contra times que nada mais querem. Óbvio que nosso elenco vai encarar essas três rodadas como verdadeiras finais, como, aliás, fez nos últimos dois jogos. Se o Adriano jogar metade do que jogou domingo, e o Bruno agarrar metade do que vem agarrando, os nove pontos estão garantidos. Apesar do destaque ao capitão e ao imperador, seria injustiça não ressaltar a maturidade coletiva do time do Mengão como um todo. Duas partidassas fora de casa, time sólido na defesa, preciso nos contra-ataques. Só pecamos nas finalizações, mas tudo bem, o jogo já estava fechado. Airton, Toró e Willians formam um paredão instransponível no nosso meio campo. Nossos zagueiros raramente ficam no mano a mano com o ataque adversário, o que aumenta consideravelmente o nível de suas atuações. Nossos laterais continuam sendo o ponto fraco da equipe, mas mesmo assim apresentam atuações que não comprometem. E por fim, PET é o Maestro perfeito dessa equipe, é como se o treinador entrasse em campo, tal é o domínio do jogo que ele tem.

Por fim, um balanço desse ultimo ano de vida que completamos nesse 15 de novembro. O Nosso centésimo décimo terceiro ano se iniciou muito mal em 2008. Vimos o Flamengo se comportar como cavalo paraguaio, deixando escapar uma vaga certa na liberta com vexames sucessivos. Vimos também a morte de um ídolo, afogado em um cofre de dinheiro tipo o do Tio Patinhas. Estou falando do Ronaldo, que passou meses treinando na gávea e depois foi para o jornal nacional dizer que optou pelo Corinthians porque tinha que “levar o leite das crianças”. Vimos uma demonstração clara e patética da clássica frase de Marx no Manifesto comunista, “tudo o que é sólido desmancha no ar”, nesse caso, o amor de um jogador consagrado e em fim de carreira por seu clube ser deixado de lado em nome da ganância.

O ano 113 da existência divina do Flamengo na terra caminhava para passar como nota de rodapé nas escrituras rubro-negras. Apesar de conquistarmos mais um tricampeonato estadual e de sacramentarmos a hegemonia de títulos no Rio de Janeiro, novamente o elenco brindou o time com vexames (derrota pro Boavista no Maraca) e três jogos lamentáveis contra o botafogo na final, tendo o zagueiro alvinegro Emerson como artilheiro. As boas partidas contra o Inter na semifinal da Copa do Brasil teriam virado o jogo, porém a eliminação manteve mais uma vez a sina desse elenco como original de Assunção.

Mais eis que tudo muda. Vimos nesse ano o nascer de um novo ídolo, Adriano, o Imperador, que quando saiu do FLA para a Itália não eram nem príncipe regente. Adriano se tornou ídolo antes dos muitos gols que vem metendo, se tornou o ícone de uma torcida que exige amor ao clube antes de tudo, antes do dinheiro, antes do prestigio. Adriano personificou esse sentimento, abriu mão de milhares de euros, de jogar no todo poderoso Inter de Milão, que era na época tricampeão italiano e caminha tranqüilo para o tetra, conquistado meses depois. Adriano só queria andar tranquilamente na favela onde nasceu, e tinha consciência que o Flamengo é o seu lugar.

Vimos também nesse ano o renascer de dois ídolos. Um como Fênix, de forma mais dramática. Estou falando do PET, ex-jogador em atividade, que fracassou em todos os clubes porque passou pelo menos desde 2006. Que mesmo após marcar o gol histórico do terceiro tricampeonato em 2001 vestiu o pano de chão com cinto de segurança e a camisa feia cheia de cor, maculando sua identificação com o manto sagrado. Que só voltou ao clube por conta da incompetência histórica dos nossos cartolas, que devem dinheiro para craques como Romário e para aberrações da natureza como Fábio Baiano. Mas eis que PET incorporou a camisa dez que vestia em 2001, se tornou o irmão mais velho do imperador, o “consigliere” do poderoso chefão. Sem ele, Adriano não teria sido tão Imperador como foi.

O outro ídolo que renasceu foi Andrade. Não como Fênix, mas como reencarnação do melhor e mais genuíno espírito rubro-negro. Reencarnou toda uma geração vitoriosa, ele que esteve presente em 4 títulos nacionais, na libertadores e no mundial. Reencarnou também o espírito do grande Carlinhos, treinador vitorioso, duas vezes campeão brasileiro, também eterno interino, também entendedor de todos os meandros do clube Mais Querido do Brasil. Tudo isso fica claro na forma como o Flamengo joga, poucas faltas, poucos passes errados, muitas roubadas de bola, jogadas trabalhadas. Ah, como é bom ver o Flamengo jogando em um 4-4-2 clássico, com um meia de fato e de direito, sem a dependência dos alas facilmente marcáveis. Andrade encarnou o papel do Don Corleone já velho, mas que segue aconselhando seu filho Michael na tarefa de se tornar o poderoso chefão. O filho, obviamente, é o Adriano.

Enfim, me perdoem o texto gigante. Mas era o mínimo que o tamanho do Flamengo pedia. O fato é que o nosso 114º ano começou bem diferente do anterior. Podemos ser hexa campões do Brasil, sair de uma fila que já dura 17 anos. Mas mesmo que o título não se confirme, o fato é que o ano já esta valendo a pena.

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