quarta-feira, 17 de agosto de 2011

40 anos de futebol, Neguim! Parte I



Vou dividir com vocês algumas memórias futebolísticas deste meus 40 anos de mundão! São praticamente 40 anos de futebol, já que, desde que me entendo por gente, o futebol faz parte do meu cotidiano. Sem mais delongas, vamos em frente.

Vou começar pela primeira Copa do Mundo da qual tenho recordação: A Copa de 78, na Argentina. Tinha 7 anos e lembro de muitas coisas. Do gramado sempre cheio de papel picado, do Brasil jogando de mangas compridas, da bomba de canhota do Dirceu, da numeração em ordem alfabética da seleção argentina ( Fillol, o goleiro, era o número 5 e Ardilles, volante, era o número 1), do matador argentino Mario Kempes, artilheiro daquela copa, se não me trai a memória. E da seleção holandesa. Me invejem, amantes do esporte bretão: Eu vi o Carrossel Holandês jogar!
Também em 78 vivi minha primeira grande emoção no futebol com o gol de Rondinelli na final do carioca, contra o Vasco. Me lembro dos meus irmãos ouvindo o jogo pela rádio Nacional, na voz de um narrador esportivo chamado Jose Carlos Araújo. E da explosão, no grito de gol, na alegria, nos abraços. Me jogaram pro alto ( ainda bem que lembraram de me pegar), me vestiram com a camisa do Mengão e me exibiram pelo bairro. Inesquecível! Era a primeira vez que sentia na alma a " alegria de ser rubro- negro."

80 foi o ano do primeiro brasileirão do Mengão! Emocionante! Gol do título nos minutos finais. Duelo entre as 2 melhores equipes do Brasil, Flamengo e Atlético Mineiro e, que serviriam de base para a inesquecível seleção de 82. Pela primeira vez o futebol me fez chorar.

Em 81, fiz minha estreia no Maracanã. Até hoje tenho na cabeça a emoção que senti quando vi crescer diante dos meus olhos, aquele gramado verdinho. Os repórteres, a torcida, tudo era mágico. Não custa lembrar que era um época de Maracanã para mais de 150.000 torcedores. Tempo em que Flamengo e Olaria, no Maraca, dava 50.000 pessoas mole, mole. Era um jogo de campeonato carioca, contra o Vasco. Rondinelli, Deus da Raça e Orlando Lelé, zagueiro vascaíno conhecido por ser a vítima preferencial do excelente ponta esquerda rubro- negro, Julio César Uri Gueller, foram expulsos no primeiro minuto de jogo. Flamengo venceu por 2 a 0, gols de Adílio e Júnior. Inesquecível!
Em 81 também foi o ano do Mengão campeão da Libertadores e lembro do meu irmão Neca, acendendo uma vela pra São Jorge na final contra o Cobreloa: " Vamos meu São Jorge! Sua cor é preta e vermelha! Eu sei que é!" Ele repetia. Eu achava graça naquilo. E, pelo sim, pelo não, repetia, em pensamento, suas palavras.
Na final do Mundial, no mesmo ano, caiu um dilúvio na Baixada. E casa de pobre, na Baixada, em dia de dilúvio, sem Noé pra dar carona na arca, não pode dar em outra coisa: Entrou água na minha casa. Pro quadro ficar completo, faltou energia. Meus irmãos passaram a noite levantando os móveis, vigiando a entrada de cobras na casa ( é verdade, senhores), pegando uma ou outra rã que surgisse ( pra fazer com farofa no dia seguinte. hum... delícia) quando a luz voltou, a televisão foi imediatamente ligada mas só conseguiu- se ver os minutos finais. O Mengão já vencia por 3 a 0. Aos 10 anos de idade eu já era campeão do Mundo. Desculpa aê!

82 foi um ano bem legal! Estava mais " maduro" para a Copa do Mundo e a vivi intensamente! Eu colecionava um álbum da copa dos Chicletes Ping Pong. Você comprava o álbum e as figurinhas vinham no chiclete. Era uma febre. Como não se tinha dinheiro pro chiclete nosso de todo dia, fazíamos uma blitz pelas portas dos botecos e padarias, olhando atentamente para o chão, em busca de figurinhas.

Pouco antes da Copa, meu irmão mais velho, o Jorjão, começou a trabalhar como instrutor do Senai, um puta emprego na época e comprou a nossa primeira tv colorida. Imaginem o efeito que uma tv à cores era capaz de fazer na cabeça de um garoto de 11 anos de idade que, até então, assistia ao desfile das escolas de samba numa televisão preto e branco? Era, literalmente, um mundo de cores se abrindo na minha mente! Fundamental dizer que era a das poucas tv's coloridas do bairro. Os jogos do Brasil eram um evento lá em casa! Todo mundo queria assistir aos jogos na casa da D. Edméa. Cada um que chegava levava um bolo, um prato de pastel, de coxinha, pão doce, cuzcuz, era uma orgia gastronômica. Meus irmãos colocavam a tv no quintal e fazíamos, ali, a nossa arquibancada. Confesso que estou escrevendo isso com lágrimas nos olhos e com o peito doendo de saudade. E a seleção? Aquele espetáculo! A base, como já escrevi aqui, veio daquela final de 80 entre Atlético Mineiro e Flamengo. Na ordem da foto: Valdir Perez ( São Paulo), Leandro( Flamengo), Oscar ( São Paulo), Falcão ( Inter) Luisinho ( Atlético-MG) e Júnior ( Flamengo); Sócrates ( Corinthians), Cerezo ( Atlético- MG), Serginho Chulapa ( São Paulo), Zico ( Flamengo) e Éder ( Atlético- MG). O centroavante deste time seria Reinaldo, do Atlético- MG, o melhor centroavante que já vi jogar! Mas Reinaldo estava bichado, ás voltas com as muitas infiltrações que fez no joelho.

Depois dos jogos do Brasil tinha Carnaval no bairro! Mariazinha, a empresária mais próspera da região ( era dona de uma lanchonete e uma mercearia), promovia uma festança com banda tocando marchinhas e sambas de enredo. Que saudade!

Mas aí, veio aquela tragédia de Sarriá, aquele estraga- prazeres chamado Paolo Rossi e eu chorei copiosamente. Pela segunda vez, o futebol me fazia chorar. Desta vez, com uma intensidade tamanha, uma dor que eu achava que jamais passaria. Foi a derrota mais doida nesses 40 anos!

( continua na próxima semana)

A torcida arco- íris está em festa com a derrota do Mengão ontem! Tomamos uma chinelada e alguém vai ter pagar a conta! O Inter, domingo, será aquecimento pra depois descontarmos essa desfaçatez na turma do bacalhau!






Nenhum comentário:

Postar um comentário