sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Quanto vale a sua seleção? Ou vc tem paixão pela seleção brasileira?


Aproveitando a deixa de mais uma vexame da seleção do Mando e do Ricardo Teixeira, finalmente apresento um texto que começou a ser formatado na Argentina, no meio da Copa América.

Nossa primeira peleja foi entre os donos da casa e os colombianos, no dia 06 de Julho. Sobre o que aconteceu nas quatro linhas, já escrevi. Mas quase nada falei sobre o que ocorreu fora do campo.

No primeiro texto não falei muito da cancha, que é como nossos hermanos chamam os Estádios. A cancha fica em Santa Fé, mais ou menos 5 horas de Buenos Aires. É um Estádio pequeno, para 37 mil pessoas.

Nós ficamos nas populares, que correspondem às nossas arquibancadas. Já de cara um contraste com a situação brasileira. As populares são todas de cimento. Nenhum lugar numerado. Nenhuma cadeira. E mesmo assim recebe jogos internacionais. Ou seja, porque nos dobramos à Fifa nessa babaquice de acabar com a nossa boa e velha bancada?? Esta pergunta tem relação com aquela que fiz no titulo, e daqui a pouco tentamos responde-las.

Bom, ainda do lado de fora nos deparamos com um fenômeno surpreendente. Trata-se das Hinchadas Unidas Argentinas. (HUA). Hinchas é como se chamam os torcedores em nosso país vizinho. No caso da HUA, temos um conjunto de torcedores argentinos que se juntaram com um duplo propósito. Ao que parece existe uma vinculação política com o casal Kirchner que é difícil de ser decifrada por qualquer um que não seja argentino, e por isso vou passar batido por ela.

O que nos importa aqui é a segunda dimensão. Os membros da HUA são, por obvio, hinchas de seus clubes. Mais do que isso. Eles são das hinchadas organizadas dos seus times. O que temos aqui, então, é que a galera do Boca e do River, do Independiente e do Racing, e de todos os outros times que são rivais e que brigam fisicamente no cotidiano se unificam para torcer por suas seleções.

Os caras tem um casaco azul e branco escrito Hinchadas Unidas Argentinas, com o escudo do clube do coração na frente. Eles colocam uma faixa gigante no estádio com o escudo de todos os clubes. Além disso, cada um pode estender faixas menores com o escudo do time que preferem.

Se não bastasse toda esta organização, temos ainda o lado passional. Os hinchas unidos cantam o jogo todo várias músicas de apoio a sua seleção. Músicas de todo o tipo, desde aquelas simples, que exigem a vitória e a raça, até cantos contra os ingleses por conta da questão das Malvinas, passando por canções que exaltam o Maradona contra o Pelé.

Em suma, a paixão dos nossos Hermanos por sua seleção me impressionou demais.

Voltemos então às questões que levantei acima. A união das torcidas organizadas no Brasil não é algo impensável. Várias torcidas de times diferentes mantém laços entre si. Inclusive 12 organizadas (Ceará, Atlético-Go, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Vasco, Flu, entre outras) fundaram a Confederação das Torcidas Organizadas do Brasil, com a singela pauta do Fora Ricardo Teixeira.

Minha questão é: a seleção brasileira hoje está a anos luz de distância do povo brasileiro. Tá, tá, eu sei que isso é meio óbvio. Mas ainda assim, precisamos conversar sobre isso.

Vários fatores provocaram este distanciamento. Alguns se reproduzem em nossos Hermanos. A seleção da Copa América não tem nenhum jogador do Flamengo, do Corinthians, do Palmeiras ou do Vasco. Das 5 maiores torcidas, apenas o São Paulo tem representante. Inter, Cruzerio, Galo também não tem ninguém. Grêmio e Botafogo só tiveram seus goleiros convocados. Além do São Paulo somente os torcedores de Santos e Fluminense podem se dar por satisfeitos nesse quesito.

Mas como eu disse, a europeização do futebol não é exclusividade brasileira. Messi nunca jogou em um clube na Argentina. Mas é isso, o cara joga no Barcelona, e é o Messi, O problema é agente aturar o Jadson, do Shaktar não sei o que lá.

Outro fenômeno comum é a eternização de dirigentes nas federações nacionais de Brasil e Argentina, aliado a pouca transparência que estes dirigentes dão aos seus reinados. Acontece aqui e alhures. E ainda assim nossos rivais se mobilizam pela sua seleção.

Temos ainda o problema dos preços dos ingressos. Quem pagou para ver a seleção contra a Holanda em Goiânia desembolsou pelo menos R$150 reais. Aqui, na Copa América, o sujeito paga pra ver o Messi algo próximo de 30 reais.

A pluralidade da mídia é outro tópico que merece ser mobilizado. O monopólio que a globo exerce sobre o que deveria ser um patrimônio do povo é absurdo. E a relação de troca é evidente: Mano Menezes não ganhou um jogo importante, e não é alvo de nenhuma crítica por parte do principal grupo de mídia brasileiro. As absurdas opções táticas e técnicas do nosso treinador, como por exemplo a escalação do Fernandinho (?????????) no lugar do Ganso são elogiadas ad infinitun. Quando já estava 2 a zero para a Alemanha, Galvão falava que a escalação do Fernandinho foi acertada porque a defesa brasileira ficou consistente. Isto quanto já tínhamos tomado dois gols.

Na Argentina ocorre o contrário. A cornetagem é eterna. Batista não foi aceito em momento algum. Messi é questionado como grande ídolo constantemente.

Enfim, nossa seleção vale 150 reais? Vale aturar o Galvão impunemente? Vale assistir Jadsons e Fernandinhos? Vale ver nossos Estádios sendo destruídos em nome de um padrão Europeu?

Um comentário:

  1. Fiquei impressionado lá como as pessoas usam agasalhos da seleção argentina nas ruas, muito mais do que dos clubes. Situação totalmente oposta à do Brasil, em que todo mundo usa mesmo é a camisa do seu clube do coração e, tirando a Copa do Mundo, ver alguém com a camisa da seleção brasileira pelas ruas não é mais comum do que usando camisas de times estrangeiros. Bom post, camarada, abração!

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