sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Geni tricolor

Pessoal aqui desse blog ou sei lá o quê: o tal do Cappelli não pôde escrever e pediu minha participação porque achou que eu entenderia melhor a situação que ele estava passando. Me explicou um negócio que eu fiquei voando mas com a cabeça fui concordando, palavra estranha, pseudônimo, pseu-domino, nome e sobrenome, enfim, não entendi patavinas mas sei que é pra escrever da minha vida. Prazer: Altiva Nobre Laranjeiras.

Já estava preocupada com essa vida de mulher de malandro que levava, só apanhando, tomando safanão, levando de quatro e, ainda assim, desmarcando tudo e pensando loucuras só pra ver o meu time, na lanterna, jogar. É como se o Fluminense fosse para mim o que o cara do zepelin era pro Chico Buarque quando compôs a música. Acabo dando dinheiro pro gigolô das laranjeiras, ainda que não tenha o suficiente para que possa me dar este luxo. Eu comprando short, camisa e indo ao maracanã, e o danado só me esculaxando. Não podia nem sair na rua sem ver aqueles olhares piedosos, dizendo sem falar: "lá vai Altiva sofrer e dar dinheiro pro malandro no seu ponto lá no Belini". Mas cá comigo eu sempre soube que eles nunca entenderiam, que eu teria que suportar com dignidade os hematomas pelo corpo que um dia eles ficariam curados, assim como meu gigolô, que deixaria de maltratar e me daria felicidades.


É um caso clássico de masoquismo passional que me arrebata (sou da vida mas tenho superior completo, faço por vocação e sempre tive vocabulário), que carrego pelo resto de meus dias sob o risco das piores acusações possíveis em caso de traição. Chutar a muleta de uma velhinha, deixar um cego na beira da escada e dizer pra ele seguir em frente ou chamar o filho especial da vizinha de mongolóide são atos irrelevantes se comparado ao abandono de meu gigolô. Se eu fizer isso não posso nem mais passar nas imediações do maracanã, minhas amigas se afastam e meus clientes somem. Pensariam que enlouqueci, que não estou juntando mais lé com cré ou que estou com uma grave doença cerebral. Meu gigolô já é tão parte de mim que não existo sem ele. Em caso de separação, ninguém me daria mais ouvidos, seria um cadáver social, uma opinião irrelevante em qualquer tipo de discussão. Uma pessoa como eu, que defende seu próprio algoz com tamanho afinco, não pode voltar atrás.


Mas ontem foi diferente. Transloucada cheguei em casa rodopiando minha bolsa, rouca de felicidade. Não esperava que uma noite inicialmente chinfrim fosse tão espetacular para mim. Um grupo de jovens me tomou com volúpia e ardor, me trazendo novamente o gosto pela vida. O primeiro, um baixinho com cara de índio que veio do interior, Kieza, me fez lembrar os tempos de menina, em que estava sempre entre as melhores alunas de meu colégio de freiras (surpresos?). O segundo, igualmente baixinho e com ares de mais experiente, Roni, me ajudou a compreender o quanto a experiência é importante para nossa vida. Foi tão bonzinho e solícito que ajudou o menino índio a achar o caminho certo para o clímax, esperando sua vez com a paciência dos mais sábios e vividos. Por fim, já extasiada mas ainda aguentando o tranco, recebo mais dois frangotes, Maicon e Carlos Eduardo, exalando juventude e rapidez. Já estava nas nuvens...


Certa de que nada de melhor poderia acontecer, chego em casa e meu gigolô tava calmo e atencioso, até estranhei. Me disse que entrou pra igreja tricolor universal e os obreiros Renato e Espinosa o fizeram perceber o valor que ele tinha que me dar. Ganhei até um chimarrão. Ah, esse meu malandro...e ainda tem quem fale mal dele, pode?

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