segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Tudo culpa minha...

Eu novamente, Altiva Nobre Laranjeiras. Dias atrás achei que meu gigolô tinha chances de recuperação. Não me bateu no dia que normalmente me deixa de olho roxo e, ainda por cima, domou um leão na minha frente, fazendo o bichano parecer um gatinho indefeso, tudo pra mostrar seu amor por mim. Com cinco golpes ele o transformou em um bichinho de pelúcia e me ofereceu, saindo do embate apenas com um pequeno arranhão. Quando comecei a achar que Deus existia e que era por mim, o capeta balançou o rabo e com seu tridente afiado desfez no meu pensamento a nuvem amorosa de sonho que tinha construído. Entrei na porrada.

Vocês nem precisam começar a sentir compaixão, não se dêem este trabalho. Odeio gente que fica falando que avisou, que sabia que isso ia acontecer. Todo mundo se alcooliza sabendo que vai vomitar, fuma sabendo que vai morrer e aposta sabendo que vai perder e nem por isso deixam de beber, baforar e perder dinheiro. Além do mais, quem disse que eu quero saber o futuro? Essa noite me encontro em uma situação deplorável, tudo por causa de uma vaia. Fui arrastada pelos cabelos no cimento até perder a voz e não conseguir gritar mais. Não consigo nem me lembrar dos chutões que tomei nas costelas e nas cabeçadas desferidas contra minha sobrancelha falsa. Fui triturada até me sentir a última de todas as mulheres, sem que nenhuma se sentisse pior do que eu. E o pior é que tudo começou quando juntei meus últimos 15 reais e dei na mão dele.

Veio com um papo fagueiro, dizendo que ia participar de um evento de dança e tinha que se apresentar bem vestido e necessitava de um qualquer. Como dei o dinheiro, ele disse que eu poderia vê-lo. Foi uma catástrofe. O malandro não acertou um passe, ops, passo, não conversou com os amigos do grupo e nem ouviu ninguém quando queriam corrigi-lo. O danado não conseguiu finalizar nem sequer uma das coreografias que tentou, deixando claro que nunca tinha ensaiado nada daquilo que fazia. A platéia começou a vaiar e me animei, fazendo coro. Ele me viu. O resto vocês já sabem.

Agora mais calma, colocando gelo na testa e gelol nas costelas, parei pra pensar e percebi que a culpa foi minha. Quem mandou dar 15 reais sabendo que ele não tinha capacidade pra fazer o papel principal? Acabei expondo ele ao ridículo, devia ter pensado antes. O jeito é trabalhar dobrado pra pagar suas aulas de dança, apoiando como boa companheira os ensaios. Ah, esse meu malandro, sempre me trazendo ensinamentos e mostrando que o problema não é falta de amor e sim ausência de perspicácia de minha parte. Me deixe em paz, encalhadas desiludidas e mal amadas. Pra vocês vou guardar convites de primeira fila para o dia de sua grande apresentação, seu apogeu cênico. Questão de tempo...

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