sábado, 19 de fevereiro de 2011

Celso, chama o House!

Fidalgos tricolores, já faz tempo que venho falando aqui das tão propagadas contratações cirúrgicas de nosso time. Sempre defendi também que, tirando o DECOmposição e o Podretti, fizemos aquisições adequadas às nossas necessidades, ainda que a zaga não tenha sido contemplada por problemas de falta de produtos de qualidade disponíveis no mercado. Mantivemos a base campeã do ano passado e fomos buscar peças chaves para nossas principais carências, com o aval de nosso querido Celso Abramovich Barros, uma espécie de Eike Batista tricolor.

Pois bem. O que era pra ser um caso de sucesso total está tirando o sono de nosso Muriça. Já é clara a sua irritação nas coletivas e cada vez mais raro são seus sorrisos de outrora. O que era pra ser visto como um grande avanço da medicina está se transformando num caso excepcional de erro médico, o que não deixa de ser engraçado tendo em vista o ramo da nossa patrocinadora vitalícia. Não um erro doloso, com a intenção de sacrificar nossa torcida, mas uma atitude culposa, aquela em que não se tem a intenção de matar. Cercados do que existe de mais moderno no mundo no campo da saúde, traçaram um diagnóstico em virtude dos sintomas apresentados pelo paciente mas, ao que tudo indica, pelo menos até agora, a medicação não está fazendo efeito e é o remédio caseiro que está dando conta de debelar a infecção que, graças aos deuses, não chega a ser generalizada.

E aí, fidalgos amigos, só conheço uma pessoa no mundo que pode nos salvar e seu nome é Gregory House. Só ele pode fazer uma avaliação que fuja aos parâmetros convencionais para buscar uma solução que não leve em conta somente o que está aparente, mas também trace um perfil psicológico e, vez por outra, invada a casa dos pacientes para procurar pistas que ajudem a desvendar o mistério que aflige nossos órgãos. Entre uma pílula de hidrocodona e outra - a morfina que o ajuda a suportar sua dor na perna esquerda, fruto de um carrinho desleal de um zagueiro quando ainda era juvenil no Arsenal - realizei uma consulta na intenção de traçar um quadro que permita compreender as complexidades envolvidas na descoberta de um diagnóstico exato. A infecção ainda é pequena mas pode se generalizar a qualquer momento, não se pode perder tempo.

O primeiro sintoma que mencionei foi uma secreção na parte de trás do corpo, um vazamento na retaguarda. Agarrado na bengala e jogando a sua bolinha pro alto ele já mandou avisar que diarréia é no setor de clínica geral e que eu devia olhar melhor o quê o paciente andava comendo. Suspeitei de um trocadilho malicioso, mas me fiz de desentendido. Depois pensando bem, percebi que o Cavallieri anda com uma cara danada de dor de barriga, de quem comeu e não gostou. Sua expressão facial só perde em emoção pra Sandy e a cada jogo parece que ele está indo pro microondas do Elias maluco. Em se tratando do nosso principal anticorpo, aquele responsável por não deixar as bactérias festejarem com um grito de gol sua invasão, House indicou uma invasão da sua casa. Entrei sem problemas, tal como as bolas no gol, e o que vi foi surpreendente e revelador: agarrado em uma foto do Liverpool, ele chorava copiosamente comendo jiló com ameixa  - aqui sua cara foi explicada, me parecia uma forma de penitência - lamentando a grande chance perdida em um dos mais tradicionais times do mundo. Após relatar isso ao House veio a solução: ministrar doses homeopáticas de Bernagol titulare para ver se ele reage e volta a cumprir sua função de defender o organismo.

Logo após mencionei que o paciente, mesmo quando aparentava estar com 100% de sua capacidade física e motora, não desenvolvia as funções que o organismo necessitava. House aqui foi enfático: problema de quem comanda tudo, no cérebro. Feita a tomografia foi constatada uma reação inesperada na região da Muricipófise, que não reconhecia a mensagem e, portanto, não dava a ordem para o paciente se locomover. O diagnóstico veio em seguida: síndrome das arábias. Prognóstico: sulfato de Grayskull. Se o paciente não apresentar melhoras só uma intervenção no cérebro. Tadinho do Araújo. Perder pro He-man até vai, o cara tá fazendo um gol atrás do outro, mas perder pro Rodriguinho e pro Willians aí já é humilhação. Só posso imaginar que no coletivo ele senta na marca do pênalti e fica coçando o saco, não consigo  pensar  em outro motivo pra que ele seja o último da fila.

Por fim, o relato da dificuldade que o organismo apresenta de distribuir as vitaminas necessárias a todas as regiões do corpo. Aqui ele nem me deixou terminar, com cara de que já estava enfadado com a conversa: complexo de Souza. Remédio: chá de banco, que ajuda o corpo a recuperar seu equilíbrio vitamínico. Associado a ele, sugeriu uma espécie de coringa que atua em diversas frentes, restaurando a harmonia que existia antes da infecção, genérico mas eficaz: Marquinholato de canhotanina. 

E nós que pensávamos estar sadios e cada vez melhor de saúde, começamos logo cedo a tomar remédios para encorpar novamente. Agora é só rezar porque até os remédios do House fazerem efeito ele erra umas 50 vezes, até porque o programa tem uma hora de duração. Não temos tanto tempo, já que no primeiro jogo da Libertadores apenas mantivemos o quadro estável, sem melhoras aparentes. Uma coisa é certa: Muricy é sinistro e com ele não se joga com o nome. Mas ele não me engana: só acredito depois que o Deco passar 90 minutos vestido de colete vendo o jogo sentado. Sigo cauteloso, porém otimista.

Finalmente ele voltou ao esquema que nunca queria ter mudado: mais um homem de marcação no meio, ainda que apoie também, tornando o time menos vulnerável. Basta saber se o Conca vai estrear este ano, ainda que ele tenha todos os créditos do mundo. 

Toca o telefone, é o Wilson. Ele se despede com cara de quem perdeu seu tempo. Na saída cruzo com o Dinamite. Tadinho do House...











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