terça-feira, 31 de março de 2009

Salve, Maradona!


A seleção argentina fez as pazes com o povo. A jogada de mestre de Julio Grondona, presidente da AFA, ao nomear o maior ídolo da história do futebol porteño se mostrou muito mais do que um genial golpe de marketing: quem viu os 2 últimos jogos da seleção argentina notou que eles se reconciliaram com o futebol.

Maradona é rei. Destruía nos gramados mesmo sendo anão, gordo e viciado; emitia opiniões sinceras fora de campo, elogiava Fidel Castro, dava tiro em jornalistas, aparecia alucinado no meio da torcida do Boca... entre jogadas mágicas e lambanças memoráveis, Maradona sempre se destacou no meio da pasmaceira e dos lugares-comuns pronunciados aos porrilhões pelos jogadores de futebol. Até pra cair de bêbado tinha mais classe e talento que os Adrianos da vida.

Pois bem, ao aceitar o posto de técnico da equipe nacional, Maradona promoveu o maior reencontro de uma seleção com o seu povo na história recente do futebol. Os jogadores o admiram, os torcedores o veneram, os adversários o respeitam. E a bola que a Argentina voltou a jogar é redondinha.

No sábado, contra a Venezuela (tudo bem, não dá pra levar a sério uma seleção de um país onde o futebol perde em preferência nacional até pro Jogo da Velha), Don Diego mandou pro gramado um time jogando num 3-4-3 de encher os olhos: o lateral Zanetti formou a linha de defensores com Heize e Angeleri, mostrando que quem sabe jogar bola se encaixa em qualquer função; o meio-campo, com Gago e Mascherano mais recuados e Maxi Rodriguez e Gutierrez abertos pelas alas, marcava e saía rápido para o ataque. Aliás, ver dois volantes que conseguem dar passes de mais de 80 centímetros dá até inveja... e o ataque? O trio Tévez - Agüero - Messi é infernal. Os três correm pra cacete, se movimentam o tempo inteiro, e o Messi joga o fino. Além de guardar um e dar o passe pra outro gol, Messi quase fez um de placa no segundo tempo, deixando o marcador completamente torto. E foi emocionante ver a torcida de Maradona no banco de reservas, vibrando com o lance - não só porque seria mais um gol argentino, mas principalmente porque seria um golaço. Daqueles que o próprio selecionador fazia com a mesma camisa 10.

Podem me chamar do que quiser, mas El Pibe merece nossa admiração. Sua trajetória dramática, com quedas espetaculares e "ressurreições" o torna mais humano, e não apequena sua genialidade. Aqui do meu canto, continuarei torcendo por Maradona, e assistindo extasiado a mais completa identificação entre um ídolo e uma nação.

PS: Como o tema do blog é futebol, me recuso a falar da seleção do Dunga. Inclusive porque ainda não descobri qual é o esporte que aquele time pratica. Pena que ele continua escalando o Julio Cesar no lugar do Doni. As defesas sensacionais de JC impedem que o timinho do Dunga leve as sovas que merece...

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