quarta-feira, 1 de abril de 2009


ME ORGANIZANDO POSSO DESORGANIZAR!


Confesso que sempre achei seleção brasileira um assunto chato. Com o dunga então, nem se fala. Então vou me poupar de denunciar o “capitão do tetra” em sua tentativa de apequenar a amarelinha, e vou me aventurar no debate sobre as organizadas.

Em primeiro lugar, o silêncio. Eu, que não tenho TV a Cabo, só fiquei sabendo do ocorrido por esse blog. Pelo que eu sei a Sportv pincelou o assunto em uma de suas mesas redondas. O Globo, globo esporte, nada. Só no domingo o Renato Mauricio Prado mencionou o assunto em sua coluna. E mesmo assim bem rapidinho. Fiquei me perguntando: Será conspiração para não manchar nossa imagem na disputa pelas olimpíadas de 2016? Ou a violência ficou tão banal que nem é mais noticia?

Antes de analisar o problema, uma constatação que qualquer torcedor que freqüenta o maraca pode confirmar. A situação de briga de torcida melhorou muito nos últimos anos. As “otoridades” tomaram medidas básicas, como acompanhar as torcidas nos seus pontos de encontro, destacar policiais que torcem pelo mesmo time da torcida para evitar provocações, entre outras. A recente organização das filas para comprar ingressos, com os currais, também eliminou um foco de tensão permanente. Não é a toa que tem muito mais mulher e criança hoje em dia do que há dez anos.

Mesmo assim o problema persiste. Ganha novos contornos, as brigas acontecem cada vez mais distante dos estádios, mais ainda acontecem. Meu primeiro diagnóstico, além de óbvio, pode levar à paralisia, mas eu assumo o risco. O fato é que o nosso futebol está podre, e seria estranho se o mesmo não ocorresse com as torcidas organizadas.

Nossos clubes estão falidos, são administrados por uma camarilha que só pensa em enriquecer e se manter no poder. Sem verborragia revolucionária, basta cada um olhar sinceramente para o seu time do coração e confirmar isso. Não custa lembrar que são os dirigentes que financiam as torcidas, repassam ingressos, confeccionam bandeiras. Os lideres das torcidas tem livre acesso ao clube, jogadores e comissão técnica.

As soluções que o Martin apresenta são bem razoáveis. As soluções tipo controle total não são. Eu acredito que o caminho é bem parecido com as políticas mais progressistas no que tange a violência nas favelas e periferias. Trata-se de construir um processo democrático com os integrantes das torcidas e com qualquer cidadão que queira participar, trocar a repressão pelo comprometimento. As torcidas organizadas fazem parte do espetáculo, tem história, muitos torcedores simpatizam com elas, e eu ouso dizer que a maioria dos seus integrantes é de gente de bem, de jovens escolhem essa forma organizativa para gastar suas energias.

Acredito ser possível construirmos um processo de institucionalização dessas torcidas de forma oficial, porque de fato elas já fazem parte da estrutura do clube. Criar no maracanã um espaço para que as organizadas montem estandes. Tenho certeza que todos os turistas que vão lá conhecer “o maior do mundo” iam adorar ter esse contato com o que há de mais passional no nosso futebol. As torcidas podiam receber uma parte da renda dessas visitas, venderiam mais produtos, se financiariam sem precisar onerar as já combalidas finanças do clube. Em troca, seus membros seriam cadastrados, talvez até remunerados, para que pudessem ser responsabilizados pelos atos da torcida, como ocorre com qualquer agremiação de seres humanos.

Viagem? Pode ser. Mas já é uma idéia. Teriam dissidentes, que não aceitariam esse pacto? Claro, bandidos há em toda a atividade humana, mas é difícil imaginar massas de rubro-negros brigando com tricolores sem a força de atração da Raça ou da Young.

Saudações Rubro-Negras

PS: Sei que os tricolores não vão gostar de admitir, mas como joga bola o Guerrón. Infernizou o time do dunga. Pena que nasceu equatoriano, provavelmente não vai nem jogar a Copa do Mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário