segunda-feira, 8 de junho de 2009

Estamos com você

Martin Curi

Ontem no jogo do Fluminense x Botafogo no Maracanã vi na torcida do Fluminense a faixa: “Campinho, estamos com você. Amigos do Flu.” A maioria dos leitores provavelmente não sabe quem é Campinho. Ele é o presidente da Torcida Young Flu e foi flagrado dando socos em jogadores do Fluminense dentro da sede do clube. Estas fotos passaram pela imprensa brasileira. É interessante que a pessoa, mesmo depois desta exposição, continua sendo uma anônima.

Mas vamos falar sobre a faixa, que causou certo espanto. Não quero cair nas velhas acusações de rotular alguém de criminoso ou marginal. Não cabe a mim julgar os atos das pessoas. Não é a pessoa que está em discussão, mas as instituições envolvidas. O Fluminense FC se distanciou dos atos violentos e os julgou como inadmissíveis. Não só o clube, mas também a PM conhece os presidentes das torcidas, porque se encontram com eles regularmente. Ou seja, eles entenderam muito bem o conteúdo da faixa. A PM controla hoje em dia bastante bem as faixas na entrada. Não é possível que esta tenha passada despercebida. Mesmo assim deixaram-na passar. Pode ter outras possibilidades de interpretação, mas eu a entendo como um protesto contra clube e a PM. Um manifesto a favor de um socialmente excluído contra os poderosos. E isto mesmo com o perigo de ficar ao lado de alguém que será rotulado como bandido. É um ato de auto-marginalização.


Qual é então o motivo pelo qual a PM deixou a faixa entrar e depois de estendida o clube não mandou tirar? Eles não querem enfrentar a torcida? Eles acham que o Campinho é a vítima? Ou foi interpretado como direito de livre expressão? É bastante interessante observar o comportamento de um clube que se distancia de certos atos dos seus torcedores e depois aceita uma manifestação a favor destes atos durante um jogo. A distância entre a “vida real” das arquibancadas e o discurso oficial das entidades poderosas como clubes e PM, mas também a imprensa, é impressionante. Para mim há um desentendimento institucionalizado e não existe sequer o desejo de um entender o outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário