quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A hora e a vez de Dunga Matraca

Amigos,

Não tenho escrito sobre o campeonato carioca por uma razão: o campeonato carioca está chato. Chato demais. Até agora, é verdade, nada aconteceu. Por exemplo, no clássico de domingo, entre Vasco e Fluminense, nada aconteceu. Absolutamente nada. Será que, no Rio, como no primeiro post do Cappelli, do blog, o ano já começou? Acredito que não. Em São Paulo, porém, o atacante Keirrison e o Palmeiras do arrogante Luxa andam comendo a bola. É um time que dar gosto de ver jogar. Cleiton Xavier vem jogando muuuuita bola, e o tal do Will"i"ans, sem o "i", também se revela um baita jogador. Edmílson, outro, um excepcional zagueiro, bem como acharam um colombiano lateral-esquerdo. Isso sem falar no Marquinhos, ex-Vitória, que andava machucado e praticamente não jogou e no Lenny, que, subitamente, reaprendeu a jogar futebol. A crise parece ter reduzido a diferença, substantivamente, entre futebol brasileiro e futebol europeu. Dá gosto de ver um Hernanes, um Ramires, um Keirrison, um Marquinhos, que, ainda que por tempo indeterminado, ficaram no Brasil. E parece que vão ficar por um bastante tempo. Pena, porém, para o futebol carioca é que, este ano, parece, pelo menos no início, uma diferença bastante grande entre paulistas e cariocas. Flamengo, o melhor time do Rio, é um pouco melhor que o Santos, o pior de São Paulo, mas parece estar um pouco aquém de Palmeiras, São Paulo, Inter, pelo menos em qualidade individual. O Flamengo, no campeonato brasileiro, pode surpreender com a força da torcida rubro-negra e com um time capaz de mostrar um conjunto coeso e equilibrado.
A verdade, porém, é que não estou aqui para falar-lhes de clubes. Hoje, não. Estou aqui para falar da Seleção Brasileira. A primeira coisa, que salta aos olhos, é a seguinte: o que fez Gilberto Silva? Por que um jogador medíocre, que nada tem de excepcional, fez para se manter por 7 anos (!!!!) como titular absoluto e incontestável da Seleção. Ele está lá, imóvel e absoluto, parece ter comprado uma vaga no meio-de-campo do Brasil. Ainda no meio-de-campo, o ponto mais problemático da Seleção, há de se discutir a presença de Felipe Melo. Amém, irmãos de Cristo, saiu Josué. Dou o braço a torcer: Felipe Melo jogou bem. Quero dizer: não ajudou, não atrapalhou. Ele joga muito mais do que Josué e Gilberto Silva, o que, cá entre nós, não é mérito algum; verdade também, joga muito menos que Hernanes, Lucas e mesmo o jovem Denílson, do Arsenal. Amigos, a verdade é a seguinte: a própria presença de Felipe Melo na Seleção já é um erro. Não adianta se discutir se ele joga bem ou mal, ele não deve, não deveria, e não deverá ter estado ali. Temos aqui uma situação desequilíbrio entre o homem e o manto. Felipe Melo não pode jogar na Seleção, simplesmente pelo fato de que ele é Felipe Melo.
De resto, meus amigos, é que, pela primeira vez, em muitos anos, eu fiquei feliz com a Seleção. Não me lembro quando isso ocorreu pela última vez. Provavelmente, na última Copa das Confederações (mas também na Copa América), nas vitórias categóricas sobre a Argentina, ou mesmo na vitória esmagadora para cima da Alemanha, com um 3 a 2 numa sensacional e memorável partida de Adriano. Este último um dos melhores jogos que pude assistir ao vivo entre Seleções, ao lado de Rússia X Holanda pela Euro, 2008, e França X Espanha, Itália X Alemanha, pela Copa do Mundo de 2006. A verdade é que 2009 por alguma razão estranha parecemos estar vivendo a hora e a vez Dunga Esteves. Dunga manda e desmanda. Chefe de jagunços, mantem-se o homem mais temido das redondezas. Apesar da demissão de Scolari, Dunga está absoluto na Seleção. Não parece haver nada, nem ninguém capaz de ameaçar o poder do Coronel Dunga. E, pela primeira vez, amigos, parece haver alguma justiça nisso. Tenho, amigos, uma visão "saldanhaniana" de enxergar o futebol. E, todos sabemos, Saldanha faleceu em 1990 porque detestaria ver o Brasil Campeão Mundial, em 1994. Detestou tanto o "justo" fracasso de 1990, que não poderia viver vendo a glória "injusta" de 1994. A verdade é que podemos suportar o fracasso das nossas convicções, mas não conseguimos aceitar o sucesso daquilo que combatemos. Por isso, 1994 é muito mais difícil de engolir do que 1982, pois é o sucesso da tragédia, daquilo que detestamos e abominamos. Engolimos a seco a vitória de um futebol patético, p-a-t-é-t-i-c-o. Saldanha também não suportaria o futebol "hiper-comercializado" de hoje. Se irritaria com as camisas da "JVC", da "LUBRAX"; os calções "SUPERGÁSBRÁS" (acho que, contrariando às velhas regras da língua portuguesa, não se usa hífen), "CASAS DO BISCOITO", "LUPOS" e afins. O João "sem medo" teria medo do futebol de hoje, mais do que medo, teria vergonha.
De qualquer forma, fiquei satisfeito com o time brasileiro hoje. Muito mais, é verdade, do que naquele jogo contra Portugal. O Brasil jogou muito bem, com um Robinho impecável, e com um Ronaldinho Gaúcho, que, infelizmente, se aproximou mais de um artista de circo do que de um jogador de futebol, (um Denílson, talvez?) os laterais também estiveram muito bem, e Dunga, apesar do Gilberto Silva, escalou, dentro de suas possibilidades, o melhor time. Achei injusto apenas a não-escalação do Júlio Baptista no time titular, porque este tem jogado na Roma muito mais do que todos os outros que atuaram no meio-de-campo brasileiro (isso inclui, obviamente, o Ronaldinho). Sua escalação seria ato mais do que óbvio: seria justo. Enrolo, enrolo, enrolo, para evitar dizer aquilo que jamais pensei em dizer: chegou a hora de Dunga, fiquei, hoje, satisfeito com o Dunga. Repito: Dunga representa tudo o que abomino em se tratando de futebol, e duvido que, no Brasil, existe um "anti-dunga" mais "anti-dunga" do que eu. Dúvido-e-o-dó. Chegamos, porém, a um ponto em que parece não haver ninguém melhor do que o Dunga para Copa de 2014. Muricy? Jamais! Scolari!? Entre gaúchos, prefiro o Dunga, menos retranqueiro, e também duvido que ele aceite, a não ser que ganhe o direito de morar em Londres, o que seria ridículo e patético para a Seleção. Parreira? De novo? Joel me parece um nome interessante, que já mereceria ter tido uma oportunidade. Outros que me parecem bons são: Zico e Paulo Autori, com toda a razão, o galinho recusaria, e o Paulo Autori dificilmente seria lembrado pelos cartolas da CBF. Ah, sim, esqueci do Luxa: excelente treinador, mas já não estamos satisfeitos com as mamatas do Ricardo Teixeira, precisamos de mais, será? Então, amigos, pela primeira vez, e com pesar que anuncio, Dunga parece o homem mais razoável para comandar o time canarinho. Ruim com ele, é verdade, pior seria, sem ele. Até que hoje eu gostei dele, escalou bem, e ainda tirou uma onda com o Zambrotta!
Mas, por favor, tira o GILBERTO SILVA!!! E esqueça da existência do Felipe Melo!

2 comentários:

  1. Lugui, perfeito o comentário. Mas parece que Hernanes e Ramires só jogam na seleção depois de uma transferência internacional, mesmo que seja pra jogar no Vietnã. Já sobre Gilberto Silva, acho mister investigar algum negócio escuso que ele têm com o Dunga, ou algum segredo de final de novela das 20:00 que ele ameaçou contar caso não fosse convocado até a sua aposentadoria. Pra mim, a explicação só poder ir por aí...

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  2. Acabou aquela história do " momento", quando os melhores no período da convocação eram chamados.
    Hoje, o treinador da seleção forma um grupo e morre abraçado com ele. Pra mim é isso que explica a presença do Gilberto Silva.
    E explica o por quê de um Elano ser reserva no seu clube e titular na seleção.

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