quinta-feira, 2 de abril de 2009

Palavra mantida (apesar do vexame)


O primeiro alerta veio quando o jogo "ainda" estava 4x1, e um amigo me ligou: "você tá vendo o jogo da Argentina?" - perguntou. Cappelli foi o segundo, ao me encontrar no MSN. Na sequência, todas as 5 pessoas que leram minha homenagem ao Maradona resolveram me ligar ou escrever pra "elogiar meu brilhantismo e minha capacidade analítica" - só porque a Bolívia deu a maior surra de todos os tempos nos hermanos.
De fato, não precisei ver o jogo para saber que a seleção argentina não jogou lhufas. Um placar destes contra a "temível" Bolívia já diz tudo. E não existe altitude que explique a sova de 6x1, placar histórico e humilhante.
A verdade é que, apesar do vexame, mantenho tudo o que escrevi no texto anterior. Se a Argentina precisa com urgência de um goleiro (porque o Carrizo parece o Fernando Henrique do Fluminense), se o excelente Zanetti, aos 35 anos, já botava os bofes pra fora com 15 minutos de jogo e foi uma mina de ouro, e se a equipe ainda não tem padrão tático (o 3-4-3 do jogo com a Venezuela virou um 4-4-2 em La Paz, com Agüero dando lugar ao zagueiro Demichelis), é inegável que Maradona promove, com inteligência, a geração campeã mundial sub-20 e campeã olímpica - a melhor geração argentina em mais de 15 anos - preparando uma seleção de futuro, com 2 copas (talvez 3) pela frente. Messi, Di Maria, Higuain, Gago, Agüero, Garay e Zabaleta têm entre 20 e 22 anos; Heinze, Mascherano, Lucho Gonzalez e Tevez fazem parte da geração anterior, também campeã olímpica em 2004, e que tem hoje entre 24 e 27 anos. As perspectivas de futuro são excelentes.
Além disso, em 4 partidas, Maradona tem 3 vitórias; e mesmo que venha a dar errado como treinador, que seu time se mostre um bando e que seja vitimado por outras goleadas, sua passagem como técnico da equipe porteña é válida pelo que despertou de melhor nos fãs de futebol. Pelo carisma, pela idolatria da torcida, pelo respeito dos jogadores, pela capacidade insuperável de visitar o fundo do poço e retornar. Não pode existir um apaixonado por futebol que torça contra Maradona.
Esta identificação, a relação simbiótica com as arquibancadas lotadas, é privilégio de quem é ídolo, de quem despertou paixões enquanto desfilava talento nos gramados. Dunga nunca conseguirá esta relação, porque é como técnico uma reprodução do que foi como jogador e é como pessoa: medíocre, tacanho, ranzinza, desprovido de imaginação e criatividade, friamente "eficiente". Dunga faz exatamente o contrário de Maradona na seleção: guarda vaga cativa pra medíocres veteranos como Gilberto Silva, Luisão e Josué, insiste em não dar chance pra jovens talentos como Hernanes, Ramires, Nilmar, Keirrison. No duelo entre os dois, eu prefiro os altos e baixos da seleção de Maradona - capaz de protagonizar 2 goleadas na mesma semana,como predadora e como vítima - do que o time modorrento do Dunga, que até quando vence é incrivelmente chato.
De mais a mais, trantando-se ambos de invenções dos presidentes da AFA e da CBF, é notório que Julio Grondona gosta mais do futebol bem jogado do que Ricardo Teixeira. Afinal, nomeou Maradona (e não Simeone, o Dunga argentino), enquanto Ricardo Teixeira preferiu Dunga ao Zico...

2 comentários:

  1. Fiquei com a impressão de que os argentinos não estavam nem aí pra derrota. "Perderemos esta e nada mudará". Foi espantoso ver a passividade, a naturalidade com que saíram de campo. Eu, perdendo de 6x1 para um time mais fraco, sendo humilhado, daria no mínimo uma voadora no primeiro que tentasse uma firula na minha frente. Questão de dignidade!!! rsrsrsrs Ou então desceria correndo para vestiário, pra não falar besteira.

    ResponderExcluir
  2. Eu tô com a impressão que o Evo Morales mandou um carregamento do bom pro Maradona antes do jogo...

    ResponderExcluir