terça-feira, 27 de abril de 2010

Uma pequena amostra de que dinheiro não é tudo no futebol

Para meu amigo Gondim, por zombar do grandioso clube das Midlands.



Domingo. Villa Park. Clássico da cidade de Birminghan, uma das maiores rivalidades do futebol inglês, Birmingham City contra Aston Villa. O enjoado time do Birminghan City, muito bem armado em sua defesa, com o goleiro Joe Hart fazendo uma temporada quase-impecável, e com o escocês Barry Ferguson dominando o meio campo. Foi assim que, liderado pelo manager Alex Mc Leish,  o modesto time da cidade conseguiu a honrosa  9a colocação, na frente de equipes muito melhores como o Fullham e o Blackburn, e vem complicando muito para os grandes, principalmente no Saint James Park. Não custa lembrar o empate com o United, ou mesmo com o Arsenal e a série invicta de 10 partidas, a maior da história do clube! Além disso a rival local parecia querer fazer de tudo para tirar do Villa os dois pontos preciosos, necessários e fundamentais, para que o o outro time da cidade ficasse fora da Uefa Champions League. Amarrava o jogo, Ferguson destacava-se no meio, Mc Fadden, veterano, se esforçava no ataque. Parecia que teríamos, mais uma vez, o resultado favorito de 10 entre 10 ingleses, o "goalest drawn" (o empate sem gols)

 Eis que, nos derradeiros minutos de jogo, um pênalti salvador: gol de Millner (PFA young star of the year). Aston Villa com 64 pontos, um à frente do City, empatado com o Spurs, na quarta colocação. Faltando duas rodadas o Aston Villa vai com tudo para a conquista da vaga.

O Aston Villa, clube de grande tradição, da belíssima região das Midlands, localizado na cidade de Birmingham, é uma pequena amostra de que dinheiro não é tudo no futebol. Ainda. O campeonato inglês, indiscutivelmente o mais rico do mundo, é , paradoxalmente, o campeonato mais mal organizado do mundo, em termos financeiros. De forma alguma há o que a FIFA vem recentemente chamando de "Fair Play Financeiro", ou seja, gestão sustentável dos clubes de futebol. O Aston Villa, repito, clube da belíssima região das Midlands, localizado na cidade de Birmignham, é uma pequena amostra de que dinheiro não é tudo no futebol.

Segundo dados do jornal, "The Guardian", o Aston Villa é o único clube em toda a Premier League que não deve dinheiro. Do Chelsea ao Porstmouth, todos os clubes (exceção, claro, do Villa) estão no vermelho. Todos estão quase-quebrados (a dívida do United beira o bilhão de libras, do Liverpool beira o meio bilhão e por aí vai).

 O leitor, então, poderia se perguntar se é possível um futebol sustentável e competitivo, sem as loucuras financeiras dos megalomaníacos de City, Chelsea e afins, e contra-argumentar que o time do Aston Villa é muito fraco, e de que para fazer futebol competitivo, muitas vezes, é preciso gastar "além da conta". Ora, em primeiro lugar, em defesa do futebol competitivo, o time do Wigan, do West Ham, do Porstmouth são muito mais fracos do que o do Villa, e isso é um fato, e todos estes clubes estão à beira da falência. Em contrapartida acabo de dizer que o Villa está um ponto à frente do Manchester City (viva!), clube que mais investiu em contratações na temporada passada, graças ao caminhão de dinheiro dos sheiks do Oriente Médio. Além disso, os (desgraçados) donos do City contrataram a peso de ouro o melhor jogador do Aston Villa na temporada passada, o volante Gareth Barry, que disse, ao deixar as Midlands, estar "desesperado para jogar futebol de nível internacional, principalmente, a Champions League". Apesar da perda do seu principal jogador, capitaneados pelo ótimo Brad Friedel, com jogadores notáveis de um quilate de um Ashley Young, ou Gabriel Aghbolahorn (tem que ir para Copa, falo logo!), o "mão de vaca" Villa sustenta-se na briga pela quarta colocação e faz campanha ligeiramente melhor do que o primo gastão, Manchester City. Há de destacar ainda qeu o Villa é um dos raros clubes da Premier League que tem uma política bastante interessante de privilegiar o torcedor, mantendo os preços relativamente baixo, para que todos tenha o "direito à torcida".

Semana que vem teremos um tira-teima. No City of Manchester, Villa e City irão se enfrentar. Os nortistas são, evidentemente, favoritos. A constelação do City conta com Tévez, Adebayor, Given, De Jong. O time de Midlands aposta suas fichas no conjunto e no excelente treinador Martin O'Neil. É o verdadeiro tira-teima entre o "bom, bonito e barato" ou o "gaste o quanto puder"...

Mesmo se o Villa perder, há de se louvar a sua excelente campanha, ficando, entre os seis melhores times da EPL.

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