quinta-feira, 21 de maio de 2009

Chegou a hora dessa gente rubro-negra mostrar seu valor...



Pergunte a qualquer Flamenguista o que ele pensa do Tiago Neves e a resposta vai ser “Cheio de marra, não joga nada e pensa que joga muito, nunca ganhou nada de importante, o máximo que ele teve foi uma boa fase na carreira, fracassou na Europa, etc.” Agora troca o nome para o Juan, nosso lateral direito, e se pergunte, qual a diferença?

 

Vamos fazer o mesmo exercício com o Fernando Henrique: “Frangueiro, irregular, cheio de marra, supervalorizado, etc.” Novamente, vamos trocar pelo nosso goleiro Bruno, e eu pergunto, qual é a diferença?

 

O passe do Juan pro gol do Inter foi igual ou pior que o do Tiago Neves, sem contar que o cara esburacada ainda fez um golzinho, o Juan não fez nada. Do mesmo modo os dois gols de falta que os goleiros cariocas tomaram foram iguais, mas podemos considerar que a falha do Fernando Henrique foi pior.

 

Estou comparando Flamengo e Fluminense para justificar a necessidade de mudanças efetivas no nosso time. Isso porque o Flamengo tem tradição, títulos, torcida, possibilidades de investimento para estar no mesmo patamar que Inter, Cruzeiro, São Paulo. Mas o fato é que não estamos.

 

È verdade que de 2006 para cá o Flamengo voltou a ser protagonista do futebol brasileiro. Depois do fundo do poço que atingimos em 2005, com o quase terceiro rebaixamento e após dos vices seguidos na Copa do Brasil, sendo que um deles foi pro Santo André, em 2006 fomos campões em cima do Vasco, levamos o tricampeonato estadual, participamos de duas libertadores seguidas, ficamos em terceiro e quinto lugar nos Brasileiros de 2007 e 2008.

 

Melhoramos com relação ao nosso fundo do poço de 2005, fomos muito superiores que os nossos rivais estaduais: o Vasco não levanta uma taça desde 2003 e foi rebaixado, o Botafogo está em um processo de reconstrução que nunca termina porque não ganha títulos, o Fluminense vive a mesma síndrome que vivemos na primeira gestão do Kleber Milk, em 1995-1999, quando a cada seis meses comprávamos e vendíamos vários craques, mas não montávamos um time de verdade, e, portanto, não ganhamos nada de relevante no período. A própria participação do Flu na liberta do ano passado pode ser classificada como um acidente, tipo a do São Caetano em 2002.

 

Já o São Paulo ganhou nesse mesmo período uma liberta, um mundial, e três brasileiros. O Inter levou um mundial, uma liberta, uma sul-americana e só não levou um brasileiro porque foi garfado. O cruzeiro faturou a tríplice coroa em 2003... Acho que posso parar por aqui.

 

Precisamos pensar grande novamente. Nossa meta não pode ser a hegemonia regional, por mais que isso seja legal. È inacreditável ver dirigente do Flamengo falando em tetra estadual quando temos um Brasileiro inteiro pela frente. São 17 anos de espera, nesse período ganhamos uma Copa do Brasil, uma MERCOSUL e uma tal Copa Dos Campões em 2001. É muito pouco para um clube do tamanho do Flamengo.

 

E precisamos encarar a realidade. O Flamengo não é o pior time do mundo porque perdeu para o Inter, nem seria o melhor se tivesse ganhado. Mas o fato é que esse elenco, que foi muito importante na recondução do Flamengo ao protagonismo nacional, não é mais capaz de nos colocar no mesmo patamar que o São Paulo, Inter, Cruzeiro.

 

Esse elenco cumpriu uma etapa, foi importante, mas já se esgotou. E talvez seja a hora de lembrar a esses jogadores que ninguém é maior que o Flamengo, e que se nós temos que reconhecer o papel desses jogadores nos últimos anos, também eles devem muito ao Flamengo. Ora Fábio Luciano e Kleberson estavam acabados para o Futebol, em litígio com seus clubes, o Flamengo foi lá e os resgatou. Ibson e Juan são jogadores que fracassaram na Europa, não tem mercado em centro importantes do futebol mundial, e mesmo nesses grandes clubes brasileiros teriam alguma dificuldade para se firmar (Juan não duraria nem no São Paulo, ou Inter, ou Cruzeiro com esses chiliques contra treinamento). Léo Moura, Toró, Bruno foram jogadores que fracassaram no futebol brasileiro mesmo, eram reservas em seus clubes, ou não paravam em time nenhum. De todos esses jogadores, só o Fábio Luciano e o Kleberson tem títulos relevantes na carreira, os outros só ganharam estaduais e colecionam rebaixamentos. E enquanto a revelação do São Paulo são os zagueiros, no Inter os atacantes, o Cruzeiro está sempre formando bons jogadores, nós vendemos o Rebato Augusto para sustentar os jogadores que citei acima. E quando os clubes grandes vão aos times médios do país buscar novos valores, o São Paulo pega o Dagoberto, o Palmeiras o Keirrison, o Fluminense o Tiago Neves, o Flamengo vai lá e contrata o Obina. Isso para não falar do PET...

 

Não defendo que saiam todos, e vamos jogar só com a base, etc. Queimaríamos jovens valores, os resultados também não apareceriam. O que precisamos é acabar com a ditadura do esquema em função dos dois alas, que não estão jogando nada há muito tempo, são previsíveis, fáceis de marcar e impedem o Flamengo de ter variações táticas.  Temos que vender, dar, aposentar, sei lá, o Obina, o Juan, o Léo Moura, O Zé Roberto, o Jonatas, o Maxi, o Fierro. Apostar na permanência do Bruno, pela segurança que ele passa, tentar convencê-lo que é melhor ser um Rogério Ceni ou Marcos do Flamengo do que jogar no Benfica, que nem liga dos Campões disputam. na experiência do Kleberson, Adriano, Ronaldo Angelim, até do Emerson para formar bons jogadores nas posições que mais carecemos, na zaga com o Fabrício, no meio com Erick Flores e Airton, no ataque com a mulecada que sempre manda bem na base. Ao invés de gastar dinheiro com contratações bestas como esse tal de Arturo, ou repatriar o Souza, ou trazer o Morais, ou zagueiro “experiente” Julio César, como se o Angelim fosse um garoto, devemos nos concentrar em contratações cirúrgicas, que completem um elenco, como faz o São Paulo, o Inter, o Cruzeiro. E de quebra ainda manter o Ibson. Devemos olhar com mais cuidado o futebol do nosso continente, as contratações do Marcelo Moreno pelo Cruzeiro e do Guinazu pelo Inter são o exemplo. E devemos manter o treinador por um longo período, para dar continuidade.

 

Sinceramente, isso não é difícil. Vários clubes conseguem fazer isso. Milhões de torcedores do Flamengo têm essas idéias todos os dias, e nós lemos isso nos blogs de rubro-negrismo militante, ouvimos no Maracanã, nos bares, nos transportes coletivos, etc. E quanto nós torcedores, acho que chegou a hora de fazer algo mais do que ajudar o Flamengo comprando ingresso, ou produtos licenciados, ou assinando a Fla TV. Acredito que esse algo mais também não passa por ir na Gávea tacar bomba, ou ficar sócio com a esperança de votar daqui a três anos.

 

Chegou a hora dessa gente rubro-negra mostrar seu valor, precisamos aproveitar a inédita união das nossas torcidas organizadas, a criatividade que elas vem demonstrando, temos que tirar proveito de todo esse associativismo flamenguitsa que gera dezenas e blogs e comunidades no Orkut para ajudar a mudar o Flamengo. Que tal nos encontrarmos para além do espaço virtual ou dos dias de jogos? Alguém se habilita a marcar uma hora e local para que os rubro-negros possam se encontrar e pensar soluções pro Flamengo? É só chamar que eu vou, e tenho certeza que geral vai aparecer. Me perdoem o tamanho do texto, mas falar e escrever bobagem é de graça...

 

Saudações Rubro-Negras

 

Josué Medeiros  

 

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